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Poesias-->A Vida que Eu Canto***** -- 24/06/2001 - 19:30 (Arnaldo Sisson) |
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A Vida que eu canto
e que me encanta
não é como aquelas que se pode ter e levar quieto,
é uma das que ruge bruta e brota, criatura de si mesma que não forma nem ensina, abriga, mostra e obriga.
O Acaso - único deus que se comprova - me entregou a essa dita
que hoje adorno, não por fácil, mas por verdadeira como a dor de uma ferida que não doesse adoecia.
E como deuses, quase sempre maus e vingativos, também podem ser bons,
proteção e companhia num planeta hostil, lindo e onde tudo morre,
parte de um universo incompreensível, cruel e vasto,
bálsamo ou veneno,
essa Vida, irmã do Acaso e sua amante,
obrigou-me à Poesia que hoje, em mim, vinga, ilumina
e, sozinha, silenciosa me justifica e me contenta.
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Porque um dia calei, ressentido com tudo,
e paguei em silêncios muito mais do que devia,
eis aqui as canções que prometi.
Se parecem tristes, não são,
isso, afinal, só depende do jeito e do modo
com que você as cantar.
São meu recado ao futuro,
versos que fiz como os vi e os quero acrescentar a mensagem da Vida.
São pedaços de histórias que vivi e de uma outra que sei,
só se dará a ser vista depois, bem depois de depois de amanhã
e, com esses olhos, nessa luz, não verei.
Quando tudo houver dito das falas que o incompreensível
determinar serem minhas no enredo de tudo,
estará claro que é tolice pensar que essas frases vêm de mim,
instrumento consciente das coisas que me tocam
repito, não canto, ressôo. Os versos que a música de minha vida cantar,
eu sei, foram criados em mim
na intenção de nós todos.
Se Deuses existem, que habitem infernos e céus,
na Terra, sei disso, crenças são doenças
que tornam todos em réus.
Eu, que nunca tive Deus além daquele que há no adeus,
não pretendo perdão nem paraíso,
prefiro um sorriso que possa beijar.
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