Poucos fazem estas perguntas, porque muitos as sepultaram friamente sem chance de ressuscitar as respostas que estão debaixo de grossos concretos.
Há os que lucram deste massacre e vomitam toda sua hipocrisia nos nossos olhos:
Aquele próspero arranha-céu que ri e lembra que suas bases foram um velho jardim, as floricultulturas que adulam suas plantas com pratos de adubos e banhos de enxertos, etc.
Como nascer flores se suas raízes foram contaminadas por enormes pulgões da família dos humanos?
Se uma nasce pálida logo é colorida. Quando rubra éposta à vista e somando-se aos gastos para pô-la corada será entregue a quem oferecer mais.
Pisaram-nas tanto.
Mesmo arremendadas será inútil voltarem a ser belas: os seus retratos tornar-se-ão amarelados. Elas deixarão de pousar para os Atelieres da vida.
Outros menos sensíveis vão substituí-las e com certeza serão contratados para um novo comercial.
Onde estão as flores?
As flores lutaram, mas foram aniquiladas
maquinalmente.
Maquinalmente?
É... maquinalmente!
(Extraído do livro "...mas a alegria vem pela manhã", de Onã Silva)