LEGENDAS |
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Poesias-->33 DC -- 10/08/2001 - 21:22 (Humberto Bley Menezes) |
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Sou testemunha que estiveste lá.
Era seu o sangue, escorrido indecente
Da testa de um sofredor.
Entre o sangue e o suor
Qual deles representa seu povo?
O sangue que as igrejas exploram?
Ou o suor que nos restou como legado.
Sou eu seu povo!
Eu estive lá.
Enquanto estavas ungido de santidade,
Subindo aos céus, piedoso
Fiquei sentado na pedra
Puto de revolta e descrença,
Saturado de sua promessa inútil.
Ao lado da cruz, sua mãe
Como todas as enganadas mães,
Solidárias de outras mães,
Com crianças famintas, doentes.
Esposas de maridos distantes
Sem mulheres e sem esperança.
Estive como um crente sincero,
Batizado no rio Jordão,
Esperando a ressurreição.
O abandono da causa
À qual não cumpriste,
Transformou-se em legado.
Para as pedras que rolam na vida
Dos pobres de todas as raças
Dos humildes de todas as crenças.
E a pedra em que assisti,
Na qual estive sentado
Ao lado de desvalidos, leprosos e perseguidos,
Continua ali. Como tudo que nada mudastes.
Talvez o manto sagrado possa ter registrado.
Saímos depois do fato
Esperando a ressurreição
E contemplamos na eternidade
A remissão dos imperadores.
Senhor de todas as utopias.
Liberte este povo humilde,
Desta crença venérea
Da qual te dizes o salvador.
Crença que o poder se aproveita
Para explorar.
Empurrando pela goela da fome,
Da ignorância e desespero,
Sua cruz deteriorada e mofada
Por séculos de bajulação
Aos reis,e todos os poderosos.
Liberte seu povo, afinal
Do estigma.
De para sempre,
Esperar
Pelo sinal.
(Ou final).
Finalmente.
Amém.
hbm120147@ig.com.br
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