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Poesias-->Ode Psicótica -- 25/08/2001 - 18:27 (Arnaldo Sisson) |
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Quem sou, entre os vários de mim que me habitam,
e quem são esses todos a quem chamo eu, identidade falsa,
necessária e mínima para viver em liberdade, um de cada vez?
Amo, tenho certeza, mas é possível que a multiplicidade ame?
Quem em mim ela ama? De qual gosta, de qual tem pena, qual admira?
Quantos formos e quais somos, só a mim diz respeito,
quem pode falar a todos, e por todos, sou eu,
dilacera, não a convivência com eles, mas com quem não os aceita.
Traindo a si mesmo por trair a maioria dos que é, quem se diz normal
não vive a existência simples, boa e natural, que se aceita múltipla e é feliz,
esse, que se julga grande, existe combatendo os tantos que tem em si, e só é contente
se o olhar dos outros aprova aquilo que, único e indivisível, ele finge que é.
Quantos tu és, um, dois, mais? Na batalha de amadurecer, quanto de ti restaram?
Absorto, o infinito acima, mar no horizonte, um céu de sol ou lua ou chuva,
quem olha? O motorista de teu carro, o menino que diz, mãe, mãe vem ver!
Ou alguém que nunca pensastes ser em ti?
Que coisa linda
a contemplação dos gestos mínimos do universo cumprindo seu destino.
Em mim, reconheço vários e os aceito a todos, aquele que vê algo para fazer e faz,
a esse chamam metido,
outro, sem paga ou pedido,
ensina coisas que nunca aprendeu de alguém como são, sem mestre ou ensino,
a esse dizem que não pode ser feito, deve ser mentira! Esse é quase triste,
não quer mais vir,
diz que atrapalha, constrange, e aos poucos não vem mais. Fossemos nós matemáticos,
físicos, cômicos ou astrônomos e seriamos, todos aceitos por todos,
assim feitos, como um só, temos de chorar e lamentar perder pedaços do que somos,
cada vez que alguém que ora amamos, e nos é caro,
exige ajoelhar à moda ou serviço de algum Deus, dos Seus,
como houvesse presente alguém que respeitasse os Meus.
a.sisson
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