VONTADE DE TE AMAR
Chega ao fim mais um dia brilhante e ensolarado
Deste início de primavera tropical que se insinua.
Sob um crepúsculo intrigante, carnal e declarado,
Vejo você em parcas nuvens. Está quase nua.
Ah! Que vontade de te amar!
Me entrego a profundos devaneios que só eu mesmo
E minha alma conhecem os verdadeiros caminhos.
Me aquieto, me fecho, me busco em carinhos
Que não ouso revelar a alguém e a esmo.
Ah! Que vontade de te amar!
À distância, nuvens e sonhos rapidamente se dissipam,
Em um piscar de olhos me volto para a minha realidade.
O cantar de vaidosas cigarras a toda volta me invade,
As folhas secas que caem do alto suavemente me apalpam.
Ah! Que vontade de te amar!
Sou tão pequeno para conter toda essa paixão
Que deságua do fundo do meu ser em prantos.
Me entrego, me rendo. Vencido, vou ao chão
E me ponho a soluçar. São tantos soluços, tantos...
Ah! Que vontade de te amar!
Me recomponho como uma frágil planta ao renascer.
Respiro fundo. Permito que a brisa tome conta de mim.
Uma última lágrima insiste em cair sobre o jasmim
Que seguro com mãos tremulas para te oferecer.
Ah! Que vontade de te amar.
***
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