As vezes temos que levantar cedo, sem tomar café, deixar à família e sair pelo mundo a fora carregando na bagagem a fome, a tristeza e a saudade.
Vagar diante do farol com a garganta petrificada, com os olhos turvos de lágrimas e pior, vêr o horizonte sem nada. Mas acreditar na terra santa, acreditar que o orvalho da noite agoniada, servirá para amenizar a sede do corpo e a miséria da alma.
Ainda assim, sentir os pés descalços sangrarem sem alívio imediato, por tantos calos, por tantos espinhos...
Bater em várias portas, nem um pão dormido.;
Bater em várias portas, nem um agasalho quente.;
Bater, bater e não encontrar abrigo.
Na escuridão desse mundo louco pedir a Deus forças, pois as mãos e o coração, entre os pecados já foram esgotados.
Assentar-se na calçada e vêr as luzes dos carros se agredirem, em gritos dos penados e assédio dos bandidos.
Doravante a luz da lua.;
Doravante o silêncio da estrada, calado, em teu hálito dar-se conta de ter sido vencido. E a espreitar a vida, assumir a morte como liberdade, encontrar um tríduo que te deixa louco, enquanto há mesas fartas na casa de tantos juízes do cotidiano, homens ilícitos.