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| Poesias-->DRUMMOND -- 06/10/2001 - 05:55 (wladimir olivier) |
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Tinha uma pedra no meio do caminho.
Nunca me esquecerei desse acontecimento.
Para mim, o caminho é uma pedra,
e o acontecimento é um esquecer,
um contínuo esquecer.
Imaginem,
às vezes, esqueço até minha inútil condição de homem,
chego até a esquecer que sou Deus,
um deus humilde, sincero,
cristão.
Porque eu também sou Cristo
e sou Antero, no quintal.
Como nada tem valor,
e o caminho é uma longa e curta pedra,
vamos piadar: piu — piu — piu.
Esqueço até que sou,
esqueço até.
No meio da envolvente pedra, julguei ter um caminho,
e tinha,
e percorri-o inteiramente, sem sair do lugar.
É ridículo este mundo,
é risível esta vida.
O que me salva é a desculpa de que sou jovem,
porque, se não...
encontraria uma pedra no meio do caminho que julguei ver na pedra
e o mundo acabaria,
ruiria.
Jamais pregarei a ação,
ou a inércia...
22.10.57.
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