Ouço o ranger dos dentes... E incomodado saio ãs ruas sem querer ouvir, sem querer sentir, sem querer ver o visto.
Mesmo que ande com os pés da morte, mesmo que tenha o hálito da fome, mesmo que esteja sob fortes sintônias da miséria.
Há nos cantos,nos bares, nas igrejas, nas romarias,em cada casa, tantos eus, como vocês... Surdos, mudos, talvez eunucos da situação.
Enquanto há nessas matas tanta riqueza que fia,
nesse solo tanto segredo que esfria... O povo cisma em falar língua nenhuma.
Calamos nossos braços,
Enterramos nossos passos,
Facultamos nossos laços. E como se não bastasse toda essa agonia, matamos nossos filhos no cansaço, quando permitimos ao futuro um presente absurdo.
Negamos a justiça, quando somos juizes.;
Negamos a qualidade de vida , quando atalhamos o normativo.;
Negamos a sensibilidade, quando erguemos tantos muros.
Assim a cidade, as casas, as escolas e até os amigos se deformam.E nós, num canto qualquer do nosso eucentrismo nos guardamos, pra sorrir com a idéia de felicidade, quando estamos nos enclausurando, na fantasia da idade, de quem cedo vai parir o imferno.