Eu, você, nós olhamos pra eles... E eles miséram a fome.
Doutro lado, senhoras e senhores! Idosos se empurram querendo tocar nas flores,nas flores... Lindas flores.
Enquanto há filhos e filhas bebendo nas calçada.;
Há um sol escaldante sobre a massa popular calada. É um trem, uma corda imensa, onde todos sangram as mãos, se pisam e pedem água, feitos almas penadas.
Vestem a melhor coisa e em centenas ajoelham-se no asfalto e pedem graças a imagem enfeitada, que o carpinteiro, o violeiro ou o escultor desenhou. E bradam em furor, chamam de mãe a imagem do escultor, e chama de mãe a imagem que o carpinteiro criou.
Do alto do carro de bombeiro, alguém excita o povo, e pede pela paz e pelo amor...
Noutra cidade,em plena agonia alguém lança-se contra o andor, beija, brada e sai satisfeita.Ao redor faixas e cartazes pedem pra imagem, pedem pra imagem... Um pouco de luz, nessa imensa escuridão que se faz.
Pobres e ricos confraternizam em praças e bares desiguais,a vida é a mesma, mas a elegância é aldaz. Gastam tudo que economizam...Pato no tucupi, maniçoba, vatapá, tacacá.; Belém do Pará, Macapá do Amapá ou em qualquer Arraiar. Após o vendaval, alguns, como no carnaval, choram e continuam com os pés descalços e a barriga vazia. E a sociedade continua saindo de fininho, como se a sua luz fosse divinamente divinal e o povo um inferno normal.
O que é isso meu filho?
O que é isso senhora? Turistas em várias línguas perguntam querendo não ficar do lado de fora.
Afastam-se da voz sorrateira do mendigo,
Do menino perdido, da prostituta orfegada, da mãe abandonada, de tantos outros porões,que sofrem sob dor e tensão latente, que diz é o círio meu irmão.