Quando eu cheguei aqui, como Cabral, vislumbrei a Fazendinha, desembarquei no Porto de Santana,conheci o Araxá, passei pelo Marco Zero e refresquei os pés com as água do Amazonas, na órla da Zagury.
Quando eu cheguei aqui, fui morar no Capilândia, que hoje é o Novo Horizonte. Levantei o meu barraco, sob o sol altaneiro, fiz amigos que me ergueram o poço no terreiro. Plantei o Cajueiro, Açerola, Mamueiro, Goiabeira e o limoeiro.
Quando eu chegeui aqui, senti o cheiro agreste da madrugada, ví a lua em paz, calada, ví o céu cheio de estrelas caseiras, senti o perfume gostoso dos lírios, que também exalam a beleza das mulheres daqui.E participei do concerto de luzes, que o vaga-lume era o mentor.
Quando eu cheguei aqui, participei da festa da chuva, que lava a terra e deixa um hálito mulato de capim com terra.
Quando eu cheguei aqui, me apresentaram à Serra, quem logo me apaixonei.
Andei pela mata molhada, passei pelos igarapés morenos,Ví a mãe de todas as cachoeira, vi Pedreira e me encantei com o Curiaú.
Dormi sob os tambores do Marabaixo, apreciando divindade da índia lua, que feito a flor da vitória-Regia, em tempos, nasce tão bela no trapiche Eliezer Levi.
Quando eu cheguei aqui,de fato comecei na Maria Quitéria,depois fui pra primeiro de Maio, mais adiante na Baião.; fui ao Capilândia, pus o pé na estrada da Fab,fui a Sara Zaguri, depois no Congos e enfim me assentei no Novo Horizonte.
Quando eu cheguei aqui, nasceram meus filhos, nasceu a minha luz, embora a minha saudade me mova pra trás, foi aqui que eu consegui erguer a minha casa.
Quando eu cheguei aqui, a Br não era a minha estrada, agora ela é a sacada dos dias em que a rede e o sossego, o violão e as amizades fazem morada.
Quando eu cheguei aqui, eu nem atinava que voltar seria uma pressa retardada. O tacacá, a maniçoba, o açaí, o vatapá...
Até o círio... As mangueiras e suas sombras, não há o que contestar Marajó!
É como em Belém do Pará, aqui só é a casa da tia... Mãe Macapá.