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Poesias-->Poema do Adeus -- 13/11/2001 - 01:17 (Carlos Santos Lacerda) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Olá

Já é quase meia-noite

Estou sem sono

Hoje acordei estranho

Sentimentos estranhos

Atos estranhos

Surpreenderam-me porque nunca os tinha feito antes



Com a aurora veio o rancor

Não sei de quem e nem porque

Chorei muito

Tanta mágoa em vão

Tanta dor sem razão



Ao meio-dia

A menina no banco pobre

Não me causou pena

Ao contrário

Desejei-a o pior

Quase que ri quando vi seus olhos brilhantes perderem a cor

Ela sabia disso

Ela também chorou



Ao longo da tarde cada passante era um monstro

Desejei matar cada um deles

A bela criança de cabelos dourados me dava raiva

Não era ela

Não sei

Era seu cabelo

Porque tanto brilho?



No crepúsculo fiquei cego

Assim como o dia

Meus limites chegaram ao fim

Mas eu os ultrajei

Na porta de casa chutei as flores que outrora cultivara



Agora estou aqui

Sem sentido

Sem explicações

Mas eu sabia que esse dia ia chegar



Meu sangue já sujou toda a mobília

Pela cama deixei marcas infinitas

Me sento em minha cadeira e acendo um cigarro

O cigarro também já está sujo de sangue



Estou começando a cair

Tantos sonhos e pensamentos me passam pela cabeça

Sinto a dor latejando

Acho que estou indo embora

Não há mais tempo



Sim, já é meia-noite

Agora acabou

Não há mais nada a dizer

A última gota de minha bebida já escorreu pelo tapete

Acho até que já estou no chão

Mas não estou certo disto

Olho para o teto e vejo o céu

Olho para o lado e vejo algo mais que não sei o que é



Estou sem forças

Meus olhos já estão fechando

Vou indo

Adeus

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