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Poesias-->o ato e o fato -- 16/12/2001 - 11:15 (Edio de oliveira junior) |
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FRAN
É virtude.
XIF
Não.
FRAN
É virtude.
XIF
Não.
FRAN
É virtude.
XIF
Não, não, não!
Não é não! É miséria e só! Miséria!
FRAN
Caro Xif! Veja o álcool como o algo sublime que ele é
Ou veja o mundo sob outra ótica!
Nós vivemos ébrios, atirados às traças, é verdade,
Mas assim também viveram grandes homens,
Grandes idéias e descobertas foram edificadas
À luz de um porre.
Lembre-se daquela conversa brilhante que tivemos
outro dia sobre os astros do universo, os planetas,
o sentido da vida, a relatividade do tempo...
impossível é, Ter um diálogo criativo
e produtivo daqueles se estando são.
XIF
Nós estávamos jogando conversa fora seu bobo...
Quem sabe estávamos até querendo demonstrar conhecimento
Por puro exibicionismo!
A verdade é que estou nos vendo
Jogando os homens que somos ao lixo!
É miséria, pura, pura e pura...
De que adianta discutirmos como dois gênios
As coisas da vida que não tem importância
Para essa humanidade “burra”,
Se no dia seqüente ao porre
Eu acordo com dor de cabeça, fedido
E com uma única certeza:
“coloquei mais um dedinho meu na sepultura,
mais umas duas noites dessas e quem sabe eu consiga colocar meu pé...”
FRAN
AH! AH! AH! AH!
Você bebe para quê então?
XIF
Eu bebo por causa de uma promessa.
FRAN
Uma promessa?!!!
XIF
Sim! Uma promessa...
O único problema é que segundo minha promessa
Eu deveria passar 3 anos bebendo todos os dias,
Semana passada interou 9 anos
Que levo essa vida!
Pois é meu amigo,
Sou tão grato a meu santo
Que prolonguei minha promessa por tempo indeterminado.
Quando se toma gosto pela coisa
Ou a gente vive reclamando
E vive bebendo
Ou a gente vive bebendo
E vive reclamando.
Outra solução não há...
FRAN
No fundo eu sei que você percebe sua grandeza.
Sua humildade lhe impede de assumir,
Mas você sabe que é sublime como o infinito,
Os astros, a essência da vida e a filosofia!
Se você não percebe,
Lhe digo que somos espíritos desprendidos!
O trabalho e o sucesso não importam
Se a alma é inquieta ou cega...
Veja a nossa forma de observar o mundo!!!
XIF
É....
Então veja nosso estilo de vida...
FRAN
Veja nosso pensamento!
XIF
Então veja nossas roupas, nossos sapatos,
Nossas carteiras...
FRAN
Por falar em carteira...
Saiba que ainda me resta
Para mais uma bebedeira!
XIF
Lá vem você de novo!
Eu estou fora,
Nunca mais beberei nem um pingo,
Minha promessa já está mais do que cumprida!
FRAN
Não jogue tudo em cima de uma promessa!
Beber é um Dom! é coisa séria!
Bebendo nós nos elevamos ao patamar dos anjos...
XIF
Dos porcos.
FRAN
Não, dos anjos! Dos sentimentos dignos!
Da grandeza!
E saiba mais, meu amigo!
Tenho orgulho de tê-lo comigo nessa estrada!
O álcool nos fez inteligentes, transparentes
Perfeitos gênios incompreendidos...
XIF
E saiba que em breve nos fará defuntos...
FRAN
Isola isso!!!
Quando eu morrer quero morrer bebendo
Que é pro meu espírito subir tonto
E cambalear pela eternidade toda
XIF
Ou descer...
FRAN
Se descer vou tomar um bom porre com o cão
E Ter uma boa conversa! Vou explorar a mente dele...
Todos dizem que ele é mau,
Um ébrio por natureza!
Mas se ele é ébrio
Ele não pode ser tão ruim como dizem...
Mas deixemos o futuro para o futuro.
A tarde vai caindo,
Estou com sede, vamos beber?
XIF
A noite inspira, é bela!
Mas ouça!
Quietemos nossos impulsos
Que o sono também é necessário.
FRAN
Necessário para os fracos
Necessário para os que
Se adequam a regras,
Para os cordeirinhos adestrados
E para os que não pensam!
A filosofia maior e o grande mistério
Estão na noite!
E o único meio de transporte para tais prazeres
É o álcool....
Eis a descoberta! Eis a grande viajem...
Veja D. Pedro I !
Bebeu tanto que fez
Nosso país independente!
Por que você acha que ele
Decidiu ficar aqui! Você não sabe?!
Foi porque aqui as noites eram infestadas
De álcool e de orgias!
D. Pedro I sim foi um profeta,
Ele sim foi o grande filosofo...
XIF
Não, seu bobo...
As decisões saíam de sua esposa!
Ela sim era o braço forte a nosso serviço...
Ele se sobressaiu e se glorificou
Porque atrás dele havia uma grande mulher!
FRAN
Uma “grande mulher” que hoje
Nem é lembrada,
Aposto um dedo meu
Que se bebesse ela seria...
XIF
Deixe-me dizer agora
O que acredito que seja “filosofia”!
Filosofia é não se ver além de carne e veias,
É constituir família e trabalhar,
É amar,
É.....
FRAN
Amar é a maior hipocrisia que a vida edificou
Entre todas as hipocrisias baixas
E sem valor.
XIF
Deixe-me prosseguir, por favor!?
Amar....
E querer aproveitar ao máximo
As coisas simples da vida
Vendo-as não como coisas simples,
Mas como “vida” em si própria contida,
Em si própria valorada...
Filosofia, meu amigo!
Á a televisão, a saúde,
Seu cachorrinho, a geladeira,
Sua esposa e seus muitos filhos,
Milhares deles...
FRAN
Pobre amigo!
Você se cegou da noite para o dia,
Seus valores estão invertidos e deturpados!
A abstinência é um sentimento desprezável!
A família, o cão, a esposa e tudo mais é superestimado...
Um pensamento sublime e sereno
Se sobrepõe à tudo que é da carne...
Eis a glória magnífica!
A entrega ao doce sabor!
A vitória do espírito e da mente...
XIF
É difícil fazer com que você entenda
Pois você é um poeta por natureza!
É inteligente, um pouco impetulante, mas é inteligente
E persistente...
Lhe afirmo que quero descobrir o amor
E ver a vida à luz da normalidade.
FRAN
Não diga besteiras, tolo...
Você acha que nós somos os errados
E eles os normais?
A normalidade está em Ter um ideal!
Um ideal que apareça desprendido de amarras...
As regras sociais são fúteis.
Governe-se, meu amigo!
Governe-se...
Mas, se não estou lhe sendo claro
Ouça e entenda esse poema meu,
Que se assim o fizer, tenho absoluta certeza
Que beberemos e goles e goles, sonhos e sonhos...
`` Percamos o sono por esta noite
que o luar é belo e já derrama aos nossos olhos,
percamos a tristeza de conter o sonho
percamos a direção de casa
e cantemos ébrios ao infinito.
Noite linda, noite linda...
Eis-me aqui novamente a teu encontro
Em busca de um pouco de conhecimento,
Sem vergonha, desmascarado, porém,
Distante da infâmia corrosiva social!
Óh, Lua! Que brilha reluzindo a noite
Ilumine nossos passos e sobre
Nosso ser pequeno derrame bênçãos.
Permita-nos sempre à filosofia
E aos elementos que nos inspiram,
Pois assim
Nossos espíritos agradecem
E se elevam...
Percamos o sono por esta noite
Que a alegria é breve
E nosso sangue chama
À libertação do mal.
Deixemos para trás o dia
Pois a estrado nova surge
Como uma poesia bela ou uma rosa!
Eu quero ver e abraçar a noite
Com as palavras certas de um sonhador,
De um homem que se entrega fielmente
Por saber que se entregar à noite
É divinamente bom...
Óh, lua! Vejo derramar de ti
Meu sangue e meu vinho
E então dedico minha atenção ao seu astro!
Ao seu gênio elevo um pensamento meu
E meus goles entorpecem-me pouco a pouco...
Sob os delírios fantásticos dessa sincronia
Recebo suas mensagens
Que emanam do cosmos ( seu coração )
“beba esta noite e seja sublime acima de tudo
e eleve seu pensamento ao nível
dos astros imortais que te rodeiam
e que te amam...
Ei de servir-me
( you know the day destroy the night... ) ``
XIF
Esta foi uma declaração alta e autêntica,
Sim! Alta e autêntica...
É todo meu o prazer de tê-lo
Como companheiro de estrada...
Somos poetas, realmente ou infelizmente!
O álcool nos pertence,
E a reciprocidade também é notória...
Se você me diz que a noite é tão bela
E essa lua tímida surge tão bela
Para confirmá-lo,
Como posso eu recusar um chamado assim?
Sim!!! Beberei contigo por essa noite,
Nem todo ideal se concretiza,
Mas também nem a morte
É decerto “morte”!
Nem toda vida é de certo “vida”
A não ser que saibamos fazê-la
Ao badalar de nosso espírito,
E meu espírito, agora, badala
Dizendo que devo seguir-te...
É certo, não negarei o que sou forçosamente!
Sua filosofia acerta-me
Como flecha ao peito.
Percebo-te, realmente percebo-te! És um gênio!
És poeta...
A noite lhe pertence,
Mas não sei se por virtude ou por miséria
Ela pertence a mim também...
FRAN
É virtude.
XIF
Não
FRAN
É virtude
XIF
Não
FRAN
É virtude
XIF
Não, não, não!
Não é não! É miséria e só! Miséria!
Mas se percebo que minha sina é esta vida,
E se vejo que assim até tenho gosto,
Beberei e beberei até o último gole
Em prol da satisfação de meu espírito!
Eu renego o que supostamente é a verdade
E me entrego a meus sentidos
Por mais uma noite,
“ Que a lua nos ilumine “
“Um brinde à insanidade!”
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