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Poesias-->HOMEM, ALEGRIA DE SI PRÓPRIO -- 01/02/2002 - 00:22 (Edson Rodrigues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A sala, à tarde, é toda atenção,

É toda tensão.

Dois olhos verdes, porém, maduros,

Ouvem um triste soprano

Falar de Bach, Beethoven e Brahms.

E bebem “Brahma”, e engolem seco...

Dois olhos que já foram moços,

Com fome de pós-almoço,

Contando histórias e lendas,

E vendas lhe cobrem veias.

Lê velhas cartas de amor

De autores já esquecidos,

Fora de circulação –

Fora da circulação de seu sangue...

E em seus olhos, duas meninas

Dançam temas gastos,

De épocas que ainda não vieram

(quem pode prever?).

E a sala é cheia e vazia:

Vazia de homens,

Cheia de ar, luz e som.

E o sol já não penetra,

Apagou-se e faz a sesta,

Dorme embalado ao som de um

“Jesus, alegria dos homens”

(ou de alguns)

Que já finda...

Na vitrola, o prato roda,

E o disco, por cima, roda,

E as meninas, nos olhos, rodam.

Roda o homem que ele não foi,

Roda o filho que ele não fez,

Roda a mulher que ele não amou,

E a cabeça, com sono, roda...

A agulha dança uma valsa,

Sobre o que, agora, é valsa.

E o pensamento viaja em uma balsa

Que o leva à antiga Viena,

Ou talvez, Veneza,

Onde nunca esteve...

E por que ter pena de quem faz

O que outros nunca fizeram

(e deveriam, e poderiam ter feito)?

Por que ter pena de um homem

(alegria de si próprio)

Que viaja, se nutre,

Fala de Bach, Beethoven e Brahms,

E se embriaga e engole seco,

Com fome de pós-almoço,

Sente que existe

E vive intensamente

Ao som de um triste soprano?!...

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