Este país não tem jeito. Há anos que isso acontece. Assim que chega janeiro, a turma desaparece.
Logo durante o Natal, já que ninguém é de ferro. E o trabalho incessante, levado à sério acredito, aos berros e muito grito.
Depois do Natal, quem merece, o merecido descanso. À sombra de um coqueiro ou junto do rio manso, é tempo de mais um recesso.
Que dura enquanto na rua o Carnaval acontece. E quando termina a folia, bem depois da quarta-feira, que ele lembra da volta, é que vê que fez a besteira.
Pois tem a volta ao trabalho, que dura a vida a inteira. E aí se dá o regresso, lá pro final da semana, do deputado ao Congresso.
De sua terra natal, bem perto da sexta-feira, pra esquecer do Carnaval. Enquanto a turma não chega, o presidente do Senado, pra adiantar o serviço, passa em revista o soldado.
Da Guarda de Honra, o coitado! Na rampa já perfilado, marcando a volta ao trabalho, de quem na certa não chega.
Só chega sempre atrasado. Não encontrou avião, é a desculpa falada pra sua volta adiada.
Mas não é assim sem razão, que age o deputado. Ele sabe de ante-mão, pela experiência que tem, que só na semana que vem o Congresso estará lotado.
E como sobrou afazeres, ainda do ano passado, é bom descansar bastante, há muito que ser votado.
E o primeiro desafio, as Medidas Provisórias, que agora são permanentes, não ficam mais como antes, sendo jogadas prá frente.
Tem prazo e hora marcada. Depois de um mês e meio, bate a aflição e o receio, que a pauta fique parada.
E todo o trânsito embolado, por causa do serviço alheio, que veio da presidência. E não adianta insistência, nada será votado.
O clima é de desconfiança. Não há quem diga o contrário. Nada será aprovado. Nem mesmo aquele pacote. O ano todo falado. Aquele da segurança.
E o Imposto Provisório, ao contrário da Medida, não ficará permanente, como espera o presidente.
E assim a arrecadação piora. E a despesa logo aumenta. E é o povo quem agüenta. E é o povo quem chora.
Pela fome do Leão. Pois é justo nesta hora, que o Ministro encolhe a mão, a mando do presidente, que só vai soltar dinheiro, bem longe mais lá prá frente. Bem perto da eleição.
Difícil esse regresso. O tempo é curto e a pauta extensa. Tem assunto pra todo gosto. Concordata e Previdência.
Prorrogação de Imposto e Sistema Financeiro. E tem muita paciência, com o capital estrangeiro.
Mas que fazer agora? Antes o Congresso reclamava, de tanta Medida Provisória. Que o seu trabalho trancava., pois não existia prazo, e nunca ninguém votava.
Hoje que restringiram, o uso daquelas medidas, o Congresso fica parado e agora com pauta trancada.
Por falta de tempo, imaginem, Com tanto serviço guardado. E as eleições aparecem, pra atrapalhar mais ainda. E essa celeuma, por certo, nunca, jamais, que termina.
Ano que vem tem mais. E por isso nossa sina. Nossa fama no mundo não tem igual.
O brasileiro só vive de bola e de carnaval.
Ainda que o futebol, esteja ruim das pernas.; e o próprio carnaval, do povo distanciado.
E aí eu pergunto, também, Estou certo ou estou errado?