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Poesias-->Prece de criança -- 17/02/2002 - 20:18 (Marly de Castro Neves) |
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Prece de criança
Enrodilhada em trapos, na taipa de um fogão
Onde no pipocar da lenha saem labaredas,
Quase sem perceber o que a rodeia, a criança cochila.
Não há alimentos para o café da manhã,
Não há ânimo para sair do ninho quente,
Mas, também já não sonha.
A terra seca nada lhe promete,
A comunicação é escassa e fria,
A escola foi um sonho fugaz.
Naquela família todos têm o olhar distante,
Tentando encontrar um pouco de esperança.
Com postura frágil, cabisbaixa, meio riso,
A criança nada sabe, é apenas um ser.
Rádio, televisão são recortes colados na parede.
E a Escola?
Deve ser bonita, tem água, tem alimento,
As crianças são gordas, saudáveis, usam vestidos rodados,
E até cantam.
Ah! Na escola as histórias devem ser de fadas,
Os contos devem ter nome dos homens que passam de avião,
Claro, eles são ricos, passam em cima de minha casa de palha
Sobre a terra seca e esturricada, de um povo debilitado
E eu? Salvo meus trapos, espero todos os dias o que nem sei
Meu Deus
Quero uma escola,
Quero um vestido de bolas,
Quero material na sacola,
Quero liberdade sem esmola,
Quero ser criança que rebola,
Quero ser a criança da época da coca-cola,
Quero apenas viver como todas crianças vivem.
Quero dignidade.
Marly de Castro Neves
30/06/01
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