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Poesias-->Arrepio -- 19/02/2002 - 14:41 (Humberto Bley Menezes) |
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ARREPIO
Noite escura, madrugada. O vento soprando forte.
O calor sufocante. A esquina me direcionou ao cemitério.
Duas almas passaram ao meu lado indiferentes. Riam.
Sete cachorros e uma cadela no cio ziguezagueavam na dança da vida.
Um vulto saiu por detrás da árvore.
Um cheiro forte de urina contaminou meu terror.
O gato preto pulou do muro,susto.
Um bêbado se levantou de repente e
Vomitou no meu sapato, nojo.
Lagartixas fugiram gargalhando.
As minhocas eram serpentes.
A noite escura e o muro branco,
Abriram-se para minha passagem.
A escada rolante me levou ao campo santo.
Chapéus e lenços brancos acenavam.
Vovó levantou do túmulo e me abraçou.
Seus ossos caíram aos meus pés.
Seus filhos, os do além, urgiram em juntá-los.
Um rastro de fogo me seguiu.
Todas as velas acenderam,
Véus e dançarinas circundavam os túmulos.
Aves negras chegaram,
Virgens gritavam desesperadas,
Flores murchas se revigoraram.
Um copo de leite me tirou para dançar.
Os ossos irromperam das naves,
Lápides de mármore e granito flutuaram como tapetes voadores.
Um anjo de cobre derreteu-se em agonia aos gritos desesperados.
Corri como nunca.
Derrubei muitas almas penadas.
Fui xingado, amaldiçoado.
Onde se viu, ser tão mal educado.
Exausto sentei na amurada de um túmulo.
Flores ainda fedendo,
Algumas pisadas ,
Por alguém descuidado, no enterro recente.
Ofegante e desesperado
Agora conformado
Procuro guarida no nome do descarnado
Local de morto inconformado.
O buraco teimosamente aberto
Na lápide reluzente,
Aqui jaz Humberto.
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