Abaixo de mim existe apenas a terra em que piso. Acima, o firmamento. Eu sou apenas o ponto médio entre a mais alta das alturas e a mais profunda das profundezas. Por que tentais comparar-me ao supremo ou ao infinito? Eu sou, acrediteis ou não nada mais, nada menos que o próprio supremo e o próprio ínfimo. "Estranho paradoxo," direis vós. Ao que eu, sem cogitar, retrucaria: "E que estranho poder possuis em serdes capazes de julgar-vos inferior ou superior ao próprio ser humano, carne de vossa carne sangue de vosso sangue, reminiscência da vossa alma, fragmento de vosso próprio espírito!" Quantas vezes vos mirastes num espelho, procurando vosso "eu" em vossa própria imagem?" Podeis acaso dizer-me quantas oportunidades perdestes, e em quantas não exitastes em fazer meu juízo? Quantas vezes não ditastes minha sentença? Não sejais juízes de ninguém, pois sois cúmplice de vos mesmos. E quando abaixardes os olhos, nao vereis senão a terra que comerá vossos olhos e putrefará vossa carne. E ao voltardes esse mesmo olhos ao céus, não encontrareis nada além do nada intangível. E vós, sereis vós. E eu continuarei a ser eu mesma, até que a terra me esconda e o céu me ilumine...