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Poesias-->O Destino de Jânio -- 04/03/2002 - 03:59 (Marcelino Rodriguez) |
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O DESTINO DE JÂNIO
Janio, cujo sobrenome desconheço,
Brasileiro, quarenta anos, recentemente colocado
Como faxineiro de um supermercado,
Ganha o equivalente a oitenta dólares,
Porque o dinheiro nacional precisa
Ser inventado ainda,
Embora as “otoridades” preguem
Que aqui é a mais promissora Suíça.
Jânio possui inteligência, alguma articulação,
E falou-me qualquer coisa certa vez
Sobre o quiabo comunista de uma crônica de Novaes.
O quarto aonde Jânio se esconde do frio
Há quatro meses atrasados – só
O jeitinho livra-o do despejo -
Custa sessenta dólares.
Com vinte dólares Jânio tem que sobreviver,
Tentar deitar com uma mulher, fazer família e sonhar
Com o progresso,
Que aqui no Brasil é sempre promissor
Há quinhentos anos.
Jânio é que mantém o mercado
Formidavelmente limpo
Desde às seis da manhã.
Mas está empregado.
Antes catava latinha.
Foi um progresso.
Subiu na escala capitalista.
Já pode sonhar em comer melhor.
Alguém me poderá dizer
O futuro de Jânio
Fora à sepultura?
Terá mulher? Filhos?
Aposentar-se-á?
Essas mulheres negras
Morenas e brancas
Todas nativas,
Que andam com bandeiras
De outros países nos peitos e traseiros
Fora da geografia que pisam
Irão amá-lo?
Com certeza, o futuro de Jânio
A Deus pertence,
Porque as otoridades tiraram
A autonomia da esperança
E o trabalhador brasileiro vale um mosquito.
Suicidaram Getúlio novamente.
Triste o país, o povo e o homem
Que só pode contar com Deus.
03/02/2002
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