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Poesias-->Lugar da Poesia -- 04/03/2002 - 23:18 (José Carlos Augusto Ferreira) |
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Refestelada no colo de Deus, mal cuidada a pobre.
Na roupa suja e ensarilhada de teu filho.
Sibilando no arrastar dos chinelos
pelo assoalho rôto da casa.
Na mancha de café da toalha,
na poça de mênstruo do lençol.
Infecta, amarfanhada nos cantos da minha boca.
Entupindo o lagar, o pilão e a rede de esgotos
neurais.
Em casamatas de adobes, cozidos de neurônios e pó.
Deitada em cabaça suspensa, o fio de seda roído de traças, meus ombros lanhados.
Gestada no ovo de barata
no fundo invisível do armário.
Ao pé das cariátides onde os cães mijam
advertências.
Na casa principal da cidade remota.
No enjôo dos piolhos
das asas dos beija-flôres.
Pelas gelosias do pensamento.
Ainda no tronco oco morto nu do indizivelzeiro.
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