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Poesias-->Amigo de fé -- 05/03/2002 - 08:21 (Haroldo Pereira Barboza) |
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Amigo de fé
(4º lugar no 1º C. N. P. Boleversos – mar/99)
Quando a Vida me deu a rasteira
Talvez por minha própria falha
Ninguém me prestou um auxílio
Nem moveu uma única palha.
Perdi o emprego, perdi a família
Tentaram levar minha dignidade
Já não tenho mais residência
Durmo em praças da cidade.
Certamente sou um andarilho
Seguindo o rumo da perdição
Apesar de ser maltrapilho
Nunca fui chamado de ladrão.
Os que se chamam de humanos
E viram as costas para mim
Esquecem que a Vida é curta
E estaremos bem juntos no fim.
Apesar de tantos problemas
Que já não me fazem chorar
Ainda consigo juntar forças
E por todos aqueles rezar.
Dentro desta vida sofrida
Finalmente achei a verdade
Nestas horas de desespero
Encontrei a real amizade.
Nos dias em que a solidão
Me quedou num tombo forte
Julguei já estar derrotado
Cheguei a convocar a Morte.
Mas a força de seu olhar
De pé no asfalto, calado
Me deu a enorme certeza :
Ter um amigo ao meu lado.
Unimos os nossos destinos
Apreciando o Sol e a Lua
Sem rumo, sem casa, com amor
Nos sentimos os donos da rua.
Empurrando nosso carrinho
Trepidando ferros e latas
De dia procuramos comida
à noite deitamos as patas.
Chegando ao fundo do poço
A ganância não existe mais
Todos se unem fervorosos
Buscando um pouco de paz.
Com meu companheiro divido
O pouco resto que ainda resta
Porque em nossa vida atual
Até jiló é motivo de festa.
Quando o desespero retornar
Não vou gritar por socorro
Pois agora conto com você
Meu grande amigo cachorro.
Haroldo P. Barboza
Andaraí - maio / 98
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