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Poesias-->P S I T A C I S M O S I E II -- 21/03/2002 - 20:56 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
P S I T A C I S M O S I





Advogo-me o direito

de iludir-me

perante poças de lama

e um sapato velho.



Interrompo o lazer de palavras,

quando se culmina

o pôr do sol

no lúbrico domingo.



O relógio biológico

bate-me horas perdidas,

faltam-me alguns minutos

para completar o futuro.



Na esquina do prédio do sindicato,

o eletricitário,

negro, baixo e solícito,

nem se assusta

com esta minha vã filosofia.



Agarra-se a seu escorraçado evangelho

de isopor.



Advogo-me o direito

de derramar-lhe toda minha

hipertensa fúria agnóstica.





O homem negro nem se toca...

ouve tudo, que nem mesmo ele

já houvera proferido,

ao longo de seu meio século de vida.

“No princípio era o verbo e habitou entre nós.”



O homem negro e baixo,

evangelicamente, sem pedir licença à noite e ao interlocutor,

se despede mansamente, à cata do barbeiro,

mas promete um diálogo muito em breve,

quando seu evangelho de aço me convencer

que não é de isopor esta monótona quarta-feira.



Recife,PE

Abril de 1978.





P S I T A C I S M O S II





Mais se arvora o poeta

mais a musa acontece.

Partem-se-lhe idéias

palavras, ações contidas.



Insone, o poeta

aporta novo sonho

desses de pedra e calcário.

Varar, quem dera, a noite,

ruminando esquinas e

esquadrinhando destinos

ignotos.



Quiçá o sonho do poeta o seja.



Teme porém o câmbio das marés:

quarto minguantes

se entranham n’alma

rangem-se dentes, rompem-se amarras

imperscrutáveis.



Inerme, a noite

assanha o silêncio.

Necessário se faz conter a musa

em seu tropel de escusas

e paixões.



Desbraga amiúde

caso a caso:

o violonista

e os minutos

a sorver no bar,

travestido de inconfessáveis

dores-de-corno.



O poeta expõe sua vergonha

através do copo de caipirosca.



À mostra, aforam-se alguns sentimentos

de desejo.



Tenta o incauto beijo

na solene e esquiva musa

soteropolitana.





E quanto mais o poeta se arvora,

mais úmida queda-lhe a boca

em chamas

de arder e sugar um tempo

que possa inexoravelmente

a ele se integrar.





Walter Silva

Abril de 1978.

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