NABISS - A NATUREZA ABISSAL (Texto Revisto - 25/02/2004)
Que mágoa têm do tempo
Que rouba a cada vivo instante
Um instante feliz de viver
Que inveja têm do vento
Que só tem poder na superfície
Mas só superfície conhece
Que dor sentem nas curvas
Que turvam os seus pensamentos
Que insistem calcular as curvas
Maculando-as com falta de vento
Que tristes são os abissais
Que vivem a morrer submersos
Que sonham instantes de curvas
Mas curvam-se diante de um muro
Que vida vivem os abissais
Que calculam a frescura do vento
Que secaria as suas lágrimas
Apagaria os seus tormentos
Mas tal é a sua natureza de trevas
Que sem lágrimas e sem tormentos
pereceriam sem água e sem alimento
Numa dessas noites de estrelas de magias e flores que transformam silencio em música e destroem regras gravadas em pedras uma fada brotando das macias fronhas de um travesseiro pousou seus lábios nos sonhos de um desses seres abissais e soprou um perfume nas suas entranhas e entorpecido pelas ternuras que ali bailavam não sentiu ele doer com profundidade a realidade desse amor que de tão grande rompia-lhe o peito e destruía o muro que o fazia curvar e ainda curvado e entorpecido o ser ainda abissal pousou na superfície e pôde enfim refrescar-se de vento... mas passado o torpor doeu-lhe uma dor de peito rompido e um temor de sendo das trevas não saber na superfície viver... e nesse eterno círculo de tormentos vai somando assim histórias em uma fábula que quem sabe possa ainda acalentar alguma criança numa dessas noites de estrelas... ou quem sabe um outro ser das trevas que por ventura ou desventura tenha sonhado isso tudo...