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Poesias-->NOS SILÊNCIOS DO TOPO -- 19/04/2002 - 09:15 (João Ferreira) |
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NOS SILÊNCIOS
DO TOPO
Jan Muá
18 de abril de 2002
Resolvi convidar-te
Para observares comigo os vôos das águias
E a alegorização do mundo no alto da montanha
Com variados horizontes
E imensas e ricas complementariedades visuais
Agora sabes
Como nas altas serras ressoam os silêncios amplos
As imagens e os espectros, a luz e as sombras
As perguntas e as saudades
O inteligível e o ininteligível que alimentam nossas ansiedades
Agora sabes que não apenas os gestos silentes
Mas as incomensuráveis formas tocáveis e sensualizáveis
São também dotadas de uma ação silente
Pela voz que é o outro lado do silêncio
Usado em nome da comunicação
Agora sabes que
Formamos esta elite sensível
Que associa à massa cósmica o registro mecânico de voz
Ao lado dos seres silenciosos
De enorme força e voz calada
No conjunto telúrico que nos liga
Às formas geométricas de nossa relação
Agora sabes que o balanço ontológico do que não possuímos
É mais do que um estremecimento do vazio e da plenitude
Da nossa sensação
E mais do que a segurança pela luz do sol
Ou a emoção frente aos delírios dos grandes abismos
Do planeta azul que nos liga em ondas cósmicas
Agora sabes que
As nuvens frias ambulantes e nômades
E as outras nuvens brancas calmas e quentes
Também fazem parte dos silêncios sem grito e sem voz
No contexto móvel do teu exercício semiótico de sentido
Agora sabes que as franjas que ecoam em tuas veias
E as aragens que roçam em tua pele e em teu canto
Escondidas e disfarçadas nas vozes metafísicas de teus versos
São a instância apelativa das sensações que te ligam
Ao teor de nossas linguagens mútuas
Carregadas de outros silêncios
Agora sabes
Que o eu que te prende a respiração
Se multiplica em cada silêncio onde esperas ouvir uma voz
E te prepara para a chegada da fúria das chuvas e das tempestades
Molhada de silêncios que descem dos píncaros das montanhas
Para mansamente afogarem tua solidão de alma
Agora sabes
Que das catedrais, das praças e dos corações
Ainda virão outros silêncios também essenciais
Que apagarão as nadificações e os temperos nihilistas
Numa fartura convergencial para realidades imponentes
Agora sabes
Que as coisas, os espaços e os gestos silentes
São parte de tua vida
Na torrente existencial que carregas na lisura da própria derme
Que gostas de perfumar após teus ritualizados e demorados banhos.
Jan Muá
18 de abril
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