Trouxe com ele o perfume de meu particular gosto, o cheiro do seu encanto e da sua masculinidade,
Veio sorrateiro e gelou a minha alma com a sua aparição na noite fria, veio com as suas mãnhas, dengos, jeito atencioso, olhar doce.;
Gelou-me de medo por não ser do seu mundo e por adorar esse momento profundo como os seus olhos,
no qual viajo ao som dos tambores àrabes em meu quarto, e das dançarinas enfeitiçando com seus véus aos seus homens, no imaginário.;
O homem-menino-gigante é mais feiticeiro e faceiro que todas elas juntas, pois se faz impressionar-me por seus gestos e planos, sonhos e palavras, desejo as minhas palavras, letras, símbolos..ah..sinto, sexo, quero.;
Me trouxe a Saudade, bebida que a principio se prova néctar, mas ao ingeri-la, vagarosa nos lábios, amarga com o tempo, corrói a sanidade, pulsa as reentrâncias e vira veneno.
Visto-me pra ele e danço,como elas, pra agradar-lhe aos olhos, e me dispo da minha vergonha e princípios roçando seus sexo, irreal,
e no escuro do quarto subo em minha cama, ouço a sua musica, toco o meu corpo, me dou um abraço,na verdade faço mais que isso pensando nele...me auto seduzo, desejo, imagino,escandalizo e gozo.
Mas, de tudo isso, mesmo acalentando-o na mente o homem-menino-gigante sinto-me criança pega em suas artes, cansada de levar palmadas, arrependida,até chegar o outro dia.
Vento que sopra leva a brisa dos meus
pensamentos,
leva o medo e a angustia da distância,
não a da propriamente dita, mas a da alma,
pois eu sinto que um dia o homem-menino-gigante
irá cansar-se da minha dança e da minha crença,
e assim acabará o encanto.
O homem-menino-gigante montará no seu cavalo de imponência de decisões e arderá nele o desejo de respirar outros ares,
ousar falar ao mundo, sussurrar em outros ouvidos.;
então hoje vou calar a sua música, e ninar a mim mesma,
vou dar valor ao que sou e ao que tenho,
vou tocar, limpar a ferida e curar a dor, a dor imaginária da sua partida.