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Poesias-->Compreenderás, um dia -- 28/05/2002 - 17:06 (Dante Gatto) |
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Compreenderás, um dia
Compreenderás tudo, um dia
Na hora inadvertida um cheiro de maresia
Sem reticência.
Os pássaros se calarão no vôo interrompido,
Espantados
Do brilho terrível dos teus olhos
Diante da evidência assustadora da verdade
Enfim, eterna.
Uma chuva fina, de primavera, deslizara sobre os rochedos
E a natureza reassumirá seu brilho.
Abandonarás o corpo cansado
E beberás a ternura do momento:
Um conforto indefinido,
Um completo alheamento,
Além da vida e da morte.
A extrema renúncia,
A posse de si mesma.
O porto
Enfim
O porto!
As perguntas, as dúvidas,
As palavras,
Perderam a consistência
E rolam na terra,
São terra, nuvens de poeira
Entre ruínas.
Tua memória selecionará minha imagem...
Caminhando sôfrego entre ruínas,
E não haverá estranhamento,
Estranhamente.
Sorrirás resignada,
um cheiro de maresia –
compreenderás que estive a tua procura
e me cortei nos espinhos
e cai na tentativa louca de te alcançar
e comi a terra em que pisaste
e bebi o suco das minhas próprias lágrimas.
Sorrirás resignada,
Um brilho terrível nos olhos.
Compreenderás que estive no cais
A tua espera
Depois de perder-me em noites nevoentas
Sonhando com tua chegada,
eremita, coveiro e sacerdote
Anunciei tua vinda aos quatro ventos.
Estava no cais a tua espera, mas não me reconheceste,
E passaste indiferente e fria
Trazendo teu sonho de terra
E teu cheiro de maresia.
Compreenderás, por fim, um dia.
Dante Gatto
Professor da UNEMAT (Universidade do Estado de Mato Grosso)
gattod@terra.com.br |
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