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Poesias-->EPIDEMIA DE PALAVRAS E BURACOS -- 30/06/2002 - 19:37 (Wagner Mangueira) |
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OS BURACOS
cu é um buraco
buceta também
o nariz são dois buracos
os ouvidos também
boca é buraco com céu
poro é buraco pequeno
ozônio é buraco que cresce
A gente só vive se
comida, água e ar
entrarem pelos buracos
A gente só vive se
porcarias saírem
dos buracos
A gente nasce do buraco
e volta para outro buraco
Xícara é buraco com asa
Copo é buraco sem asa
Bule é buraco com asa e bico
Panela é buraco que cozinha
umbigo é buraco cicatrizado
O pinto tem um pequeno buraco
O abismo é o maior de todos os buracos
LAVRAR PÁ
PALAVRAS assanhadas, metidas, oferecidas
querem sair a todo custo
querem existir, progredir, se exibir
PALAVRAS afoitas usam foices e dão coices
é preciso astúcia para lidar com elas
PALAVRAS reprimidas, deprimidas choram
enjauladas, enquadradas, engarrafadas
PALAVRAS acanhadas, caladas, tímidas
querem sair do útero direto pra terra
PALAVRAS férteis querem adubar, se propagar
EPIDEMIA DE PALAVRAS jorram em mim
zombam de mim
PALAVRAS atrevidas arregaçam as mangas
no final do dia estão cansadas, suadas, sedentas
PALAVRAS amanhecidas, sonhadas, dormidas
PALAVRA caracter, senha, número, dígito, código
Rebelião das PALAVRAS, pulsação da PALAVRA
PALAVRAS alimentadas, confeitadas, contaminadas
Confecção de PALAVRAS, extinção da PALAVRA
PALAVRAS aliciadas, alicerçadas, amalgamadas
São só PALAVRAS |
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