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Poesias-->TERRA FIRME -- 02/07/2002 - 08:38 (Djalma Monteiro Pinto Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TERRA FIRME

(Djalma Filho)



devolvi

o que de mim restou

nessa volta para a mulher da praia.



Derramei-me pelos seios

pela face, pelos braços

enquanto protegias

meu olhar,

na mais pura sensação de agasalho,

envergonhado por ter sido movido ao vento.

Estavas com olhos de nada:

abstrata, como as apaixonadas!



devolvi

o que de mim sobrou

nessa volta para a mulher da praia.



Desajeitei-me com palavras

gaguejadas, como quem volta da rua

sem velório de amigo, sem choro no rosto.

Estavas como as ressacas:

vazia, como as abandonadas!



devolvi

o que de mim ficou

nessa volta para a mulher da praia.



Gastei-me em passos curtos,

arqueando pernas de pisar meio torto

pelo meio-fio-calçada e caçada-meio-fio.

Estavas com os peitos soltos:

desguardados, como as mães!



Amantes são mães em regressão.



E voltei para a terra dos grauçás

às puãs dos teus seios pontiagudos,

aos caminhos-de-rato no corte da gilete

no ralo cabelo gasto, sem rede pra dormir.



Amadas são mulheres guardadas.



Trancada pela tramela da porta,

silenciosa, com os quartos cansados

de tanto pedalar na máquina de costurar

a descoser camisas medidas braço a braço,

pagaste caro tanta fome

pelos peixes, pelo pão, pelo mar,

custaste a crer na mentira,

na conversa fiada, no barco cheio

do pescador

que chega com a ressaca

do mar vomitando

o meu cheiro que chega

com sorte, para a mulher da praia.



devolvi

tudo de mim ao mar

para voltar à mulher que, na areia, espera!



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