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Poesias-->Recuerdos -- 07/07/2002 - 19:03 (Darques Lunelli) |
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RECUERDOS
Para Daniel de Crecenzio
Sim, era sorvendo o álcool desses dias que vinham as imagens
confundidas com o madrigal que não compus.
Era ver estrelas onde lâmpadas fosforesciam
ouvir sussurros apaixonados onde gritos famintos ecoavam
sentir no rosto um leve afago
quando o soco descomunal se preparava
e fazer do sangue escorrendo as lágrimas jamais choradas.
Era assim que eu te via
subindo as ruelas de uma Itália desconhecida
ou deleitando-se ao sol de Campeche e a esquecida casa que habitamos presa às recordações de pitangas terrivelmente maduras e adocicadas.;
curvava o corpo para melhor aparar o golpe
e esperava que do revide que não faria saltassem faíscas que incendiassem a palha seca,
mas ouvia o ranger dos dentes e os músculos tremendo na excitação dos sentidos
aparava o outro golpe que certeiro despedaçava o coração
e me calava.
Ou sorria um sorriso cheirando a vício
corria do quarto para a sala e desta para o banheiro
gritava o nome quando caía a noite,
as lâmpadas eram acesas, das casas vinha o cheiro dos bifes mal-passadas e também o cheiro mágico das batatas fritas
eu já não gritava não movia os cílios não contraía os músculos.
Mas, ainda assim, fugia para ver-te, atravessando como um fantasma a porta gris, o corredor imenso
descia à rua já cansado e tonto, veloz, sorvia o ar e a fumaça do cigarro.
Eram as buzinas como gritos, as luzes como códigos que me davam a certeza
a súbita lua com sua metade comida pela primeira estrela
e o neon do refrigerante
que eu via quando queria ver-te.
E foi assim que cerrei os olhos, forcei as pálpebras até doerem toda a dor que eu poderia
e entrei fundo em mim para encontrar-te deitado sorrindo dizendo o quanto é doloroso pensar.
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