LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->Poema para os Ratos -- 18/07/2002 - 16:27 (Paulo Milhomens) |
|
|
| |
Nunca lhe falaram nada.
Nunca ousaram demonstrar
palavras de afeto. Sempre tentaram
surpreender-lhe com venenos, armadilhas,
pedaços de pão com mofo.
O forro de uma casa é sempre o pior abrigo.
Os viadutos, o campo da liberdade.
Canos podres, locais onde o lixo prolifera,
procria, decide, tumultua seres contaminados
pelas porcarias humanas. Estes sim, são sebo-
sos, desigienizados...
As pessoas preferem esquecer os imensos
rios de fezes que passam embaixo de suas
ruas. Dos aracnídeos rivais que ali povoam.
Não somos a peste bubônica, a letospirose,
a diarréia, o "amarelão", a hidrofobia.
Somos animais silvestres que até nascem com
seu habitat, porém, marginalizados a consumir
os depósitos da civilização.
Os poetas fazem versos para todas as estirpes,
cultuam a língua com o coração, as flores, os
jardins de Veneza, as mulheres nuas... E vós!?
Somos roedores! Falem de nossas origens: as
caravelas européias que nos trouxeram, a extin-
ção de nossos predadores etc.
O Ecossistema dispensa nossa comunidade na
zona latina. Nos adaptamos aos trópicos, e hoje,
o mundo nos pertence. "Dizem que viramos morcegos
na velhice". Precisam rever seus conceitos,
reciclar seu lixo. Continuaremos a dominar o
mundo, estará sempre há apodrecer...
Paulo Milhomens
|
|