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Poesias-->Acordei -- 25/07/2002 - 21:45 (gisele leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Acordei



Com olho dependurado no horizonte

Vi uma dor abissal

Tão profunda que perco até a própria idéia

de minha existência e absorta

corroí todas as amarras

no cais



E me

debato no ir e vir

das ondas, marolas

que em sua pretensa liberdade,

só é fiel a maresia

da praia

ao enjôo da viagem



Só a dor

Fazia que eu retornasse aos meus pensamentos

E fincasse os pés na repugnante areia



Então miro e não vejo

a essência me escapa

pela dor profunda

que rouba toda a humanidade



E como pedra rolo

no chão buscando ora a erosão

ora a combustão



E no calor

Falta-me ar

E mergulho num desmaio

negro e vazio



Acordo

com mão a acariciar o infinito,

a tatear o tempo



que não quer passar

e nem é eterno

e a alma dormente

se recusa a voltar ao corpo

que pálido agoniza

lentamente



E num instante

de lucidez

como se acendesse um sol no peito

a queimar-me a face

sinto um rubor

A inibir meus pruridos.

Acordei da morte hoje

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