Da dor me falaste...
Da dor me falaste
Com tuas fêmeas intenções,
E dos desvelos que a Natureza
Proporciona aos galhos trêmulos
Do nosso pejo, nosso desejo...
Cascavilhei então mares e rios frios,
Perlustrei vales e montes vadios,
Até a ansa que abriga o grito da vida,
A chaga cruenta, sofrida nos tempos
Do evasivo sonho de amor :
Mas, meu amor, nada encontrei...
Esgueirei-me de propósitos fúteis
E de todos encontros falazes,
Escutei a voz mouca do meu coração
Erguendo-se feito lamento musicado,
Crescendo e vibrando por amor...
Senti tua dor – distante – próxima
No meu peito, grinaldas multicores,
Olores de tua tez e seiva de astros...
Rastros dos meus beijos nos lábios teus,
Véus, sobre os olhos teus, caíram de vez
Diante tamanha pirotecnia...
Esvaiu-se o pejo, permaneceu o desejo.
© Jean-Pierre Barakat, 19.06.2000
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