LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->A ALVORADA DO MUNDO DE AÇO -- 17/08/2002 - 20:30 (COELHO DE MORAES) |
|
|
| |
Acorda manhã-luz se entra em mim em olhos abertos
Se se fala de seu cansaço matutino cálido
Opacos destinos
Deixa que eu sofra como o herói de Goethe
mesmo que eu esteja cansado e queira dormir
Deixa eu dormir e esquecer o cansaço e a dor
Deixa a dor
Acorda noite-luz e sai de meu peito sem trevas fechadas
Se se desgasta tanto quanto o corpo físico é que chove
e se chove deixa fluir essa água da vida
Diz alguém que tanto sofria mas lutava todo dia
todo dia trabalhando na farmácia da esquina
Imagens do ser amado que de noite eu dormia bem
Durmo antes de morrer?
Branco despertar do dia-luz entrando pelas frestas
Morrer da dor ou morrer do dia é questão de espera.
Mas nada disso é muito real
O sentimento de ausência punge
e o telefonema é uma angústia moderna
cuja familiaridade me comove
como os telhados cinzentos
Os ruídos grisados
os caules cinéreos da fogueira apagada
sideral imensidão de mundo
o aço duro cortante das vertentes
mas nada disso é real
Periga ser um sonho nefasto
Nada mais
Em cada natureza habita uma mulher que amo
O cimento cobre o passo de quem ainda não chegou
Folheio o álbum e a natureza me chama
Minha indiferença é pouca
Perto da pintura de cinzas e degradés
num restaurante repleto o glacial me toma
e as risadas e olhadelas
só servem para domar meu espírito
que quer voar no pescoço do sujeito corpulento
que segura meu braço
é o garçon
Que sopa fria!
Uma capa de irreal me cai
cheia de pó
dos lustres sem lâmpadas
A tarde se aproxima e as sombras me guarnecem
Nem quero mais sofrer
Já basta a nata do leite
e esse cartaz que leio o tempo todo
enquanto espero
embaçado atrás da vidraça
a cara do palhaço faz caretas e micagens
banca o besta e eu sinto frio
Você virá?
Não é mais manhã
Já acordei
Mas você virá?
O mundo rola na rua
e eu não façoo falta alguma
O mundo brinca de existência
como se eu o visse por dentro de um aquário
só não vejo a água
o mundo é cinza e está em outro universo
talvez pluriverso
talvez tantos e cinzas e sujos que eu nada sei...
Você virá?
Estou na exatidão
Imerso em mim
Concluído a meu favor
Logo me desvaneço
De mim sumi em fuga
Essa miniatura envernizada de natureza
Não é mais que um ponto sujo na lama do acaso
E dela só vejo o perfil solto no espaço
Mas
Que mundo maravilhoso
É manhã-luz e o sol aquece
Vejo você na calçada
|
|