Violinos Negros
Há fantasmas
em minha sala
e nesta sala
que já nem é minha
as almas também
não são.
Dois ou três mortos
desfilam crucificados.
Olhos abertos.
Olhos fechados.
Meio mortos,
semi-vivos,
num réquiem.
Vodu-vodu.
No corredor
três urros:
n ã o o h n ã o
n ã o o h n ã o
n ã o o h n ã o
três horrores.
Gritos meus,
que querem?
Silêncio.
Que querem de mim?
Sibilar.
Deus!
Certezas?
não tenho mais.
Apoios?
Não tenho mais
No telhado
do texto,
as páginas
chovem,
trovejam,
vampiram,
morrem
e eu seco
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