Ele está repleto de politiqueiros anti - patriotas
Também capachos dos dominadores estrangeiros
Depredadores do desenvolvimento brasileiro
Eles estão atrasando e roubando o povo
FHC prenda já todos esses pilantras
Faça como Bolívar não seja nunca um lambe bota
Governe para os brasileiros das cidades e da roça.
Humanidade malvada
Não existe mais vida
No deserto de nevada
Êta humanidade malvada!
Centenas de explosões atômicas
Detonadas por pessoas insensatas
Reduziram tantos sonhos a nada
Agora, lindas crianças
Brincam de guerra
A grande indústria da violência
Entra via satélite em nossas casas
E educa seres inocentes
Dizendo serão pessoas decentes
Para destruir a própria vida
Acho muito triste falar
Do futuro que acontecer
Se continuarem tudo explodindo
e mundo inteiro poluindo
Sadio quem vai conseguir viver
Nesse mundo que merece ter
Uma humanidade melhor
Não essa que assiste tudo calada
Que não ver a vida perdendo de goleada
Mais acredita que vive bem informada
Que controla seus assassinos na terra
Mais é um telespectador passivo da guerra
Que está destruindo a vida toda no mundo.
De Antonio Vieira Xynayba
Somos culpados
Todos precisam saber
se esse mundo está ruim
fomos nós que o deixamos
ficar assim
então somos culpados
pois não paramos de dizer sim
também aos políticos safados.
Agora, quem quiser viver
ter uma vida melhor,
um grande futuro comum,
não pode ficar parado,
pedindo esmola a beira da estrada,
e a vida inteira reclamando,
chorando, sem fazer nada.
Atenda, o mundo está lhe pedindo
se você gosta, mesmo, das crianças,
da praia, dos mares, das florestas,
dos rios, das montanhas,
das flores e dos frutos das plantas
as futuras gerações merecem boas heranças,
faça muito protesto pela vida.
De Antonio Vieira Xynayba
Moda Consumista
Tenho certeza camarada Minc
você não é um produto da moda
nem um falso mito do poder plim-plim
você só precisa reconhecer agora
há ecologistas na beira da praia
há ecologistas dentro da mata
que não dão valor a vida de uma lagarta.
O importante dessa história
não é a diferença da ideologia
nem ser o dono da glória
talvez seja a moda consumista
que divide povo ambientalista
diminui a luta pela ecologia
e aumenta o poder da hipocrisia.
No mato, na cidade também tem gente atoa
convivendo com o mundo poluindo numa boa.
Pior mesmo foi na terra do cavalo de tróia
mataram um homem por causa da indiferença
isso mostra que temos que nos unir e agir.
Fazer crescer a idéia socialista
só assim conquistaremos a vitória
a natureza é vida não é coisa individualista.
De Antonio Vieira Xynayba
Xynayba II
No meio da roda perdida
uma força anti-humana
com mente de ratazana
está reprimindo tanta vida
e levando a minha ternura
para dentro do seio da ditadura
e de um poder que deriva
sem nenhuma perspectiva.
Agora nem sei o que vai ser
daqui pra frente nessa estrada
o que eu vou fazer
com tanta vida revoltada
que meteram dentro de mim
e para o povo não vejo saída
em todo Brasil impera a violência
do poder Plim-Plim.
Por isso ouço tantas vozes
me falando sem parar
pega Xinahyba para torturar
Xinahyba é ecologista e subversivo
Xinahyba tú não te pertence
Estão te seguindo noite e dia.
Então acaba logo contigo
ou a polícia te prende.
As ameaças, as injustiças
deixaram Xinahyba paranóico
ele acabou com o sossego da família
Xinahyba não vive drogado
Mais só vive vendo a polícia
Ninguém quer recebe-lo em casa
Noite e dia sonha amarrado
Dependurado no pau de arara.
De Antonio Vieira Xynayba
Che Guevara
Jaz em todas as Américas
jaz na América Latina
um homem da libertação
um homem de verdade
que deu a própria vida
pela libertação dessa terra.
Toda América Latina
violentada desde menina
está marcada pelo sangue e a coragem
de um homem que lutou pela América
e morreu em pé por ela.
Teu sangue circula pelos rios
campos, mares, cidades
das Américas
pregando igualdade e liberdade
para toda América Latina
marcada pelo teu sangue, Che Guevara.
Homem das Américas
ser comum Universal,
comandante e amante natural,
el louco pela vida
da causa mais linda
que jamais será perdida.
De Antonio Vieira Xynayba
Nós duas pessoas
Não sei onde está você agora?
imagino tanta vida pra vida
com nós duas pessoas sorrindo
um beijo, um abraço, um tapa
uma caminhada pela praia
debaixo de um sol radiante
com todo céu azul lá em cima
cair na água feliz contigo
mergulhar nadar e correr perigo.
Seria bom demais pense
deitar na areia juntinho de tí
fazer carinho um no outro
até o prazer da vida explodir
enlouquecer os corpos da gente
isso vale mais que tudo, que vende por aí.
Essa noite está quente, é noite de lua
menino nasce forte, menina cresce linda
morena acredite na deusa da sina
andar nu não é pecado, faz gozar
pecado é andar armado e matar
vamos viver unidos em comunidade
lutar mais por liberdade.
Numa casa de tantos cômodos
vejo mil espaços sobrando
estou só, longe de você que tanto quero
tá bom eu entendo, encheram o mundo
de motivos e problemas sem vida
pouca gente ver os limites das coisas vivas
miro na lua e vejo o fim de tudo isso chegando.
De Antonio Vieira Xynayba
Teresópolis Simples
No alto, sentindo a vida macia
na FESO, vi uma linda morena
há tanta vida no seu silêncio,
há tanto amor na minha morada
e muita terra sem reforma agrária
martelando minha mente noite e dia.
Vivo em ti, cidade bela
Teresópolis simples, morada natural.
Tuas paisagens verdes me encantam
teu céu de cristal azul é esplendoroso
tem o feitiço da morena sensual.
Cheia de beleza, serra querida
por que estão acabando com a vida
de meninos e meninas lindos
que nem começaram a viver?
Vamos nos amar com mais ternura
deixar nossos corpos flutuarem no prazer.
De Antonio Vieira Xynayba
Conflito Geral
O grande conflito geral
cria o homem bélico artificial
já rola pelos quatro cantos do mundo
de Jesus á Lutero, Vandré e Boff.
As coisas estão se somando
certos acontecimentos parece que estão avisando.
Ninguém está sentindo a verdade se aproximando.
Aqui no Brasil, a violência e a corrupção campeiam.
Conseguiram desmoralizar de vez a política.
Lembrando Deus, aviso a todos os homens:
O mundo não merece tamanha traição
armada pelos homens, imagem semelhante
agora as explosões do fim estão pipocando.
Eu, trabalhador sem terra, não entendo
a vaidade gananciosa de certos seres humanos
que não levam em conta as verdades
ditas pela dura realidade.
Vendo tudo isso me vem a lembrança:
Se meu pai visse eu escrevendo tanto,
ia dizer novamente caneta de pobre
é cabo de foice e de enxada,
isso que você está fazendo, meu filho,
nunca deu camisa a ninguém.
Vamos colher o feijão e o milho.
Leitura não vai encher seu bucho também.
Pai camarada José Vieira do Ò,
no dia em que eu escrever um livro,
vou denunciar toda a desigualdade do povo,
mostrar para muita pessoa grandona
que caneta de pobre também é tudo.
Ás vezes os bons resultados dependem muito
de quem a está usando no mundo
coragem não me falta, por isso estou lutando.
De Antonio Vieira Xynayba
Revolta Santa do Trabalhador
O salário não dá nem para comer
a máquina não sabe que eu quero viver
mas a vida pulsa para valer
e quem sofre quer logo saber
quem gosta de viver sem nenhum prazer?
Quanto custa trabalhar
noite e dia sem parar
somente para mal sobreviver
e ainda ter que aturar
todas as violências do poder.
Contra tudo isso lute com consciência
pelos seus direitos de cidadania
pelo menos espalhe essa mania
pois o patrão que não negocia
contra seus empregados usa polícia
deveria ser culpado pelo quebra-quebra e a correria
fome, injustiça, tanta riqueza em campos violentados
latifúndios, sem terras, arames farpados
e bandos de homens sem liberdade, super armados
gritaria, corre-corre pelas ruas da cidade
pare, acirra. Greve geral, geral...
o poder armado não é natural
mas a solidariedade gera a igualdade.
O barulho das máquinas
todas as noites, todos os dias
não pode sempre lhe silenciar
operário perca o medo de se manifestar
mostre a todos que só sabem lhe explorar
que a revolta santa do trabalhador
é toda contra um capitalismo usurpador
todo premeditado para a riqueza do rico aumentar
que também trama para o pobre não se organizar
por isso é só unido que o povo vai se libertar.
De Antonio Vieira Xynayba
Réquiem para Verme
A tarde se vai, o sol está sumindo,
se pondo no horizonte poluído da Praça 15.
Estou voltando de mais um dia de trabalho,
corpo cansado, mãos feridas de tanto ralar,
e cabeça cheia de problemas que sozinho não posso resolver.
A noite densa se aproxima trazendo um mundo de assombrações.
Da vontade de correr sumir no mundo.
De fazer qualquer coisa e não sei o quê, nem porquê?
Nada tenho e nada sou também, mas tudo pela vida preciso fazer,
Talvez, uma moda para todo o povo se embriagar,
Mas, estou entre as paredes frias da vida, com a mente fervendo.
O corpo doendo e não há meios de me libertar.
- Ah! se tivesse agora... nesse momento difícil.
Uma cachaça para beber ou um mato para queimar
e cobrir com fantasias alucinantes
esse corpo frágil que quase não me pertence,
que é mais das leis do mundo do que meu mesmo
que está aprisionado pelos erros da humanidade consumista.
O que fazer para espalhar minhas idéias camponesas
como poeira por sobre a terra?
E em todas direções desse mundo cão.
E se fosse como as chamadas ervas daninhas?
Quem sabe, seria um caso sem resolução
ou um grande problema com solução.
Deite Verme, descanse a caveira ossal em um porre total,
e na calada do tempo repouse em paz com o saber e a certeza
de que até os cabelos de vossa “ nossas” cabeças,
estão todos fichados nos porões do poder atrasado e
tudo que se move está cronometrado no SNI.
Portanto não tenhas medo de tudo que possa vir,
como falou o bigode Ceará nada é eterno e com o passar do tempo
contentemo-nos com os chás das ervas nordestinas
que possamos em encontrar no quintal alagoano
de Luiz Vanderley.
Vamos mascá-las tranqüilamente na sombra da lua
como faziam os primitivos em sua sagrada inocência,
assim sendo, nada dessa humanidade irá nos deteriorar.
Homenagem minha ao irmão Verme
Tudo Esta Natureza
Tudo está na natureza
basta você saber procurar
desfrutar no clima sem estragar
depois é só viver com ternura
acima de tudo toda vida preservar.
No lindo jogo da vida
ninguém precisa ser ninguém
a vida com liberdade é linda
veja isso quando tiver com alguém
mesmo sozinha sinta todo prazer da vida
imagine ser uma estrela
sendo amada por um planeta.
Morena ponha vida na cabeça
você faz parte da natureza
defenda-se de qualquer maneira
viver livre é a maior riqueza
mire-se no exemplo da natureza.
Mas antes de arribar
morena de novo volto a lembrar
tudo nasce da natureza
dela não podemos abusar
por sua causa “justa causa”
que é a mesma de nossa vida
temos obrigação de lutar.
De Antonio Vieira Xynayba
Severina Nordestina
Severina mulher e paraibana
falou a verdade geral
é uma estudante conscientizada
e filha de general
gosta de viver livre a vida
não gosta de nada da política
acha errado pagar a dívida
defende um socialismo humano
para o Brasil e a Paraíba.
Severina tu tens toda a força
és estrela somente mulher
revolução cheia de amor
estrada certa da libertação
tesão popular das multidões
abrigo amante dos corações
flor fêmea da grande nação.
Vi em você Severina nordestina
que com risos rosados falava
a verdade da camponesa sem terra
que noite e dia sobrevive ameaçada
só porque quer ter um roçado
para plantar as sementes da vida
e colher os frutos da terra lavrada
para se alimentar com os filhos e marido
longe da elite de visão atrasada.
De Antonio Vieira Xynayba
Teresópolis
Teresópolis olhando teus granitos,
senti a força da vida tão menina,
o gosto de um prazer infinito
brotando dos lábios de um amor magnífico.
Vi em teu Éden de pedra toda ira divina.
Gritei: o azul do teu céu é mais lindo
aqui vejo o sol sempre brilhando
sonho nos braços do nevoeiro e da neblina.
Canto, sou mais um amante da vida
respiro amando o teu ar sempre puro.
O Dedo de Deus eternamente apontando
ouve , Maria Morena, moça apaixonada
que delira olhando a tua beleza,
a vida goza ouvindo o silêncio de teus gritos
clama contra a violência do homem predador
que, alheio, sem amor à natureza
prefere o vício e os conflitos
gerando, pra vida, um mundo cheio de dor.
Pobres homens terrestres, Teresópolis
escravos do dinheiro e da moda passageira
amantes das máquinas e das megalópoles
que poluem todas as belezas naturais.
Feitas pelas mãos de Deus na tenda amada da vida.
Eles não conseguem ter paz nem ternura
para sentirem as ondas dos prazeres celestiais
que exalam de tuas montanhas naturais,
que formam em volta de ti, Teresópolis,
uma via-láctea de corpos sensuais.
De Antonio Vieira Xynayba
Dura Conclusão II
Pelo que está acontecendo no mundo,
cheguei a esta dura conclusão:
Não existem direitos humanos
Nem brasileiros, nem americanos.
O que existe mesmo, de montão.
É desemprego, sem-teto, sem-terra,
sem-saúde, desumanidade e usurpação.
Dentro dessa tensa situação,
vendo tanta fome e violência
no Brasil, em toda a Terra
diante do rolo compressor da globalização
e sentindo o peso da arapuca neo-liberal,
eu pergunto a meus irmãos:
- O que adianta ter razão?
Enquanto rola muita discussão,
vejo que está na moda e nas leis dos poderosos
toda forma de crime contra o povão.
Até quando vai continuar tanta espoliação?
Falsos projetos, falsas reformas políticas,
escândalos, métodos violentos dos governos
sempre geram um clima bom para a subversão.
Agora mesmo, em toda a nossa nação,
o velho atraso social é muito real.
A anti-cultura ocupa a mídia nacional.
O Brasil verdadeiro não tem espaço na televisão.
Por tanto, o entreguismo, a alta corrupção
São milhões de tambores subversivos
batendo forte dentro do meu coração.
De Antonio Vieira Xynayba
Mundo Meu, Mundo Teu
Maravilhosa e esplêndida é a vida:
Tudo isso e aquilo de belo ela tem,
a vida é tudo, filha suave do nada.;
ela é como uma flor nua no mundo,
tem tudo que a gente gosta, tanta ternura.
Estão porquê procuramos decifrá-la
Em nossos sonhos cheios de fantasias?
Minha percepção nativa sensorial
consegue ver a imagem refletida no espelho
daqueles que procuram encontrar fácil
o seu perdido invisível tão estranho,
um pobre sofrido no sonhado mundo encantado.
Estagiando com tudo que vejo, que sinto,
andando pelas estradas dos problemas sociais,
transando, bebendo e comendo corpos sadios,
perco-me em meus pensamentos velozmente
em busca daquilo que não consigo distinguir
nesse mundo violento onde estou sobrevivendo.
Saio de mim, penetro em ti, em teus pensamentos,
é como ter certeza de paz e esperar fadigado
após um longo dia de muito trabalho.
Que a noite chegue logo trazendo liberdade
e nos envolva com seu manto sagrado!
É como mergulhar em um sono profundo
e se despertar em um outro mundo distante
longe de tudo, longe dessa estafante realidade
que é nosso mundo, ontem puro e limpo
hoje sujo, disputado, armado e bombardeado.
Métodos errados de homens piraram a época,
ninguém sabe ter, nem sentir a natureza,
uma simples presença amiga cheia de vida,
isso é não saber sentir o perfume da flor.
É não saber sorrir, amar ou chorar,
é ser uma insignificante presença parada
diante de uma criança desesperada carente
que chora pedindo socorro e alimento,
pobre criança sem amor, sem carinho,
doida para sentir a ternura de um afeto
da mão de uma pessoa amiga.
Naveguei com meus pensamentos,
nos mares de outro mundo nadei,
cruzei fronteiras e cheguei pedindo paz.;
exausto da longa caminhada e duras batalhas,
deitei-me nas relvas de campos estranhos
e fiquei a fitar toda a beleza do infinito
passando por cima de uma cordilheira,
e peguei-me imaginando em tantos mistérios.
Aí, a música angelical de um pássaro
Envolveu-me com sua suavidade feliz adormeci.
Não posso afirmar nem mesmo dizer o que fui ontem,
o que eu sou hoje, agora,
nem mesmo o que vou ser no futuro.
Espero nunca ganhar nome de frívola
do tempo ou das leis arbitrárias.
Estive em lugares exóticos e inquietantes
e em ti assim como eu no mundo perdido,
vi tua imagem operária com toda a humildade.
Sentada você fitava os horizontes,
rosto sereno, olhos brilhantes no espaço
em busca de alguma coisa
além das montanhas, da distância,
talvez alguma resposta humana
para suas perguntas socialistas,
as mesmas de todo o povo que sofre
nessa terra que eu não consegui plantar livre.
No despertar, senti o cheiro da terra,
o sabor do orvalho da noite de lua cheia,
em meus lábios secos nasceram vários sorrisos,
a simplicidade, a naturalidade da vida
e seus repentinos momentos alegres
que com felicidade cultivaram minha amizade
por você, morena camponesa,
vida minha assim, vida tua assim.
Quando senti seu corpo livre no meu,
Te comparei a uma árvore florida
Fincada lindamente no terreno árido
Que o sereno da noite alimenta
Com sua umidade grátis e planetária.
Você estava livre como árvore imaginária
Por mim, pobre sonhador da liberdade,
Seus cabelos voavam nas ondas do vento,
Seus braços giravam suavemente lindos.;
Você precisa estar alegre com tudo nesse mundo,
Suas mãos seguravam com todo o carinho
Um lírio amarelo do campo.
Sua presença só mostrava vida
e o sol da manhã te fortificava
com o calor violeta de seus raios doces
pois és toda a vida pura nesse mundo
e a coisa mais desejada que existe aqui
entre nós do lindo planeta terra.
Por isso quero você dentro das nuvens
e juntar tudo com a liberdade dos astros
para ir, para vir em todas as direções,
vamos ressuscitar todos valores humanos
praticar mais o “ Amai-vos uns aos outros”
sem nenhum medo de lutar pela terra prometida.
Assim como a luz do sol eu queria ser,
para que todos não sintam frio debaixo de mim
e sob a minha sombra todos descansem felizes.
Que cada corpo semelhante ao meu e ao teu
seja uma fonte de vida sadia e natural
onde todos possam matar a fome e a sede,
a tristeza e ter amor amplo sem precisar pagar.
Quero ser um longo caminho sempre aberto
Para que todos o percorram com tranqüilidade
Em seus dias de alegria e solidão.
Agora e sempre peço a meu Deus força maior,
mais coragem, mais saúde, mais esperanças
para nunca parar de buscar a vida
pelas estradas, pelas ruas, pelos campos áridos e férteis
desse mundo que nós temos que salvar.
Oh! Deus, fazei com que sempre seja simples
Como a brisa solta no tempo verde.
Deus de todos nós, mais um pedido desesperado:
Intervenha livremente nas mentes, nos corações
dos homens que pensam serem sozinhos donos disso tudo,
estale no mundo um regime onde todos possam viver
em paz, com liberdade, fartura e amor.
De Antonio Vieira Xynayba
Nem vírus nem vermes
Nem vírus nem vermes
são culpados de tudo
os defluxos vem e se vão
e a gente fica e vai ficando
com nossos sintomas
maltratando nossos corações.
Criamos a dor de repente
e como não sabemos, sentimos
ela é solitária e invisível
e nem adianta tomar cachete
a dor é companheira todos os dias
é coisa crônica do consciente.
Vermes e vírus filhos de Pichilinga
parem de acender a luz
claridade não espanta pesadelo
ficamos com ele que é sempre o mesmo
as vezes sem saber da origem do Cafute
temos pesadelos a todo instante.
Mesmo sem a ordem do chefe
não posso perder a esperança
a mira está me mirando
de perto ou de longe
não posso esquentar com sua presença
somos todos alvo certo da mira.
Sem vontade posso seguir
antes de tudo antes de cair
falta de apetite é doença
quando tem comida o remédio é comer
e tentar viver em qualquer favela
com poder ou sem poder.
De Antonio Vieira Xynayba
Irmão Nordestino
Porque irmão nordestino
o nosso Nordeste continua atrasado
essa terra fértil esse bravo povo
vive em plena miséria no mundo
sentindo fome e sede sem cobrar nada
abandonado pelos mentirosos da política
que dão sustentação a esse sistema
o mesmo que mantém a indústria da seca.
Dentro dessa politicagem atrasada
a minha mente nordestina peleja
tenta, mas não consegue fazer
um pequeno resumo de tanta miséria
essa ampla pobreza, essa tamanha dor
está matando esse sofrido povo
que sobrevive a toda sorte de abandono
pedindo somente a nosso Senhor.
Será que os homens que estão lá em Brasília
filhos inteligentes dessa terra tão sofrida
também dessa pátria chamada Brasil
desse continente de solo rico por natureza
nunca vão ter vergonha na cara
vocês já tem açude poços Amazonas
bangalôs dentro de suas fazendas
tudo as custas da pobre gente nordestina.
Então vejam a aridez dessa terra abandonada
acabem logo com a rica indústria da seca
em nenhuma parte ela pode continuar estalada
o povo nordestino quer educação e autonomia
não quer a tutela da esmola da emergência
nem a política rabugenta do sistema capitalista
a cachorra magra filha da doutrina imperialista
premeditada pela suja política escravagista
De Antonio Vieira Xynayba
Bóia Fria
Lá vai bóia fria correndo
fumando e de foice vai passando
sem saber o que vai na vida acontecer
parece que vai comer qualquer coisa
quente ou fria ele não pode escolher
bóia fria só tem um direito na terra
para o patrão trabalhar e produzir.
Lá vai bóia fria danado
revoltado, calado vai sonhando
nesse mundo todo armado não pode gritar.
Pouco adianta bóia fria camarada
sonhar com a liberdade
e com a ternura da mulher amada
pensar em feijão com arroz e farinha
com um ovo ou uma rapadura da usina
um tico-tico de carne assada
também com uma salada envenenada
com agrotóxicos da pesada.
Na realidade brasileira
a marmita de bóia fria
anda vazia como a sua barriga
roncando sempre colada no espinhaço
a carestia do custo de vida não permite
bóia fria melhorar o rango
a comida todo dia é a mesma
sem gosto de nada e toda fraca
sem sustança que não consegue matar
a fome de nenhum operário.
Todo dia chova ou faça sol bóia fria trabalha
quando chega a noite no barraco
cansado está mais morto que vivo
bóia fria não tem força nem para pensar
aqui no Brasil as leis não lhe protege
talvez em outro planeta quem sabe?
seus direitos sejam todos respeitados
bóia fria não faz nem política sagrada
seu divertimento é ouvir futebol
trabalhar arduamente para engordar o patrão
e morrer viajando em cima de caminhão.
De Antonio Vieira Xynayba
Branco Errado Índio Certo
Branco industrializa a pobreza
enche as cidades de violência e sujeiras
derrama tudo que é lixo no mar
contamina a saúde de todo mundo
e queima florestas inteiras
pelo dinheiro destrói a camada de ozônio
comete os maiores crimes na terra
usa a política arte de governar a vida
como um negócio sujo e politicagem
e ainda espalha que o índio é selvagem.
O chamado homem civilizado
faz tudo que é ruim no mundo
mas sempre acusa o irmão índio
que ainda não construí um satélite
não possuí bombas atômicas
nem arsenais de armas biológicas
coisas que hoje fazem as geleiras se derreteram
o homem branco é quem tem tudo isso na terra
então, o índio não é um ser selvagem.
Por tudo mais chega de culpar o índio
não suje seu ambiente deixe-o viver em paz
ele é um ser natural nativo.
Somos nós brancos os verdadeiros bárbaros
e temos que aprender muito nessa vida
com os povos indígenas primitivos
afinal precisamos reconhecer agora
que não temos nem vergonha na cara.
Em todas partes do mundo
também em todo o Brasil
que fabrica foguetes, míssil e fuzil
agrotóxicos, minas e torpedos teleguiados
quem vive rezando e matando é o homem branco
o índio da floresta vive livre numa boa
plantando, pescando, caçando e brincando
enquanto o branco gasta milhões fazendo cadeia.
SOS Yanomamy, vamos todos preservar
as serras da mesa, Paríma e Pacaraíma
sagradamente pertence aos índios
as tradições culturais as riquezas minerais
e suas belezas naturais etc e tal.
Ninguém tem, o direito de roubar
Salve os Caiapós, Carirís, Terenas e Wapixana
Basta de política assassina dentro da Amazônia.
De Antonio Vieira Xynayba
Jardim das Samambaias
É tão lindo amor,
bom demais, bom demais,
o encontro de perdidos
no jardim das samambaias
Eu, você, a vida nua,
muito verde e a lua,
pura lua, minha e tua
no jardim das samambaias.
Entre beijos e abraços,
as carícias de nossas mãos,
o calor de nossos corpos
aquecem todos os pólos,
enchem de amor o cosmos.
Tudo acontece lindo.
Eu, você, dois perdidos,
estamos felizes nos braços da vida
cheirando a riacho e a mato
no jardim das samambaias.
De Antonio Vieira Xynayba
Bóia Fria Abandonado
A cachaça feita com cana
e a tinta do vinho tinto
tem o sabor da fina uva
faz alegria da mente
enlouquece toda a gente
da classe trabalhadora.
Como bóia fria abandonado
falo, falo, por falar
para não ficar em vão
a situação do nosso povão
perdido no mundo da corrupção,
bóias frias de estradas,
nunca parem de arribar.;
a busca da vida é latente,
alimenta suave o cérebro
com o saibro da liberdade.
De quando em quando sei lá,
o mundo clareia para nós.
Somos tudo, somos nada.;
Severino, João e Raimunda
discutem muito o frio
da guerra mais do que fria.
O Xinahyba sempre ouve
cânticos lá do sertão
bebe cana e água tônica
para esquecer a explosão
em cima da multidão.
De Antonio Vieira Xynayba
Terra Somente Terra
Terra que alimenta noite e dia,
ouça, você é a casa de todos nós
peço a você terra que sou
mais uma ajuda para viver livre
perdoe-me em lhe pedir de novo
mas essa corrupção do Brasil
revolta a minha vida aqui na terra.
Terra continue alimentando
as forças humanas ainda vivas
quero a ajuda delas também
pois preciso ganhar todas as lutas
em prol da vida humana na terra
hoje ameaçada pelas máquinas.
Terra, daí-me inspiração naturalmente
além da que eu tenho todo instante
encarne em mim, na minha mente,
a sabedoria que me faça um sábio maior.
Terra, conceda que eu conceda a humanidade
um conhecimento de paz e amor
aonde sempre reine a solidariedade.
Terra somente terra, faça com que eu consiga
ser entendido por todos teus filhos
os governantes que venham a ti governar.
Terra, fortaleça tudo o que protege você
aumente o volume dos gritos
de todos os que gritam por você.
De Antonio Vieira Xynayba
Nativo ou Índio
Urgente já é hora já é tempo
de acabar com essa falsa história
a de que o índio é um selvagem do mato
que mata o branco de flechada
põe vivo na fogueira para assar
depois bate tambor dança e canta
comendo churrasco de branco
fazendo na floresta uma festa.
Essa história é mentirosa
infelizmente foi inventada
pelo violento branco civilizado
que já matou e vive matando
milhões de índios em todo mundo
para o homem branco robotizado
que gosta de dinheiro e da moda
a vida, simples sadia não vale nada.
A justiça e a lei do homem branco
sempre acusa o índio de viver errado
e diz que o branco é certo.
Estão aprenda safado civilizado
o índio vivia em paz sossegado
tinha saúde tudo com liberdade
não invadia nenhuma cidade
para pegar mulher ou filha de branco.
Branco mesmo com computador
continua fazendo ouvido de mercador
não sabe que índio não bota sujeira
na água de civilizado branco
não joga veneno nas plantas de branco
nem põe fogo nas mansões de branco
nativo não quer ouro nem prata de branco
nativo quer somente o respeito de branco.
Índio nunca sai por aí matando
só ataca quando é atacado e ameaçado
índio anda nu cheio de beleza
respeita fielmente a mãe natureza
sabe dá valor aos rios, aos mares, a seus peixes,
as fontes, as flores e as abelhas
tudo isso são suas maiores riquezas
na nave terra, que é toda sua vida.
De Antonio Vieira Xinaiba Militante Social.
Pão da Escravidão
Com simplicidade a vida é toda gostosa
como fica boa uma comida cozinhada
em um fogão de lenha da Caatinga
feijão xerém, mungunzá e umbuzada
angu, cuscuz, cabeça de galo e buchada
ganham de todas comidas da moda
feitas com todos os requintes da gente fina.
Viver no sertão é muito fácil
basta não faltar a chuva
a enxada aqui produz fartura
faz melhor, muito mais vida
que um fuzil imperialista
aqui a gente come em prato de barro
tudo que colhemos no roçado.
Já pensou o camarada Glauber Rocha
Com Celso Furtado, Julião e Darcy Ribeiro
Lampião, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro
Juntos cantando de baixo de uma latada
e levando um bate-papo brasileiro
com a galera que mais trabalha
e sobrevive mais que abandonada
carregando este imenso Brasil nas costas.
Nas cachorras magras ou frente de trabalho
tem levas de famintos trabalhando por quase nada
em cima de um solo tão rico da nação
vejo meus irmãos de enxada e foice nas mãos
como pode tanta gente nordestina
continuar acreditando no pão da escravidão
sem lutar pela verdadeira libertação.
de Antonio Vieira Xynayba
José Vieira do Ó
Novamente cheguei na Paraíba
em meu nordeste querido
tento entender esse mundo
chego até brigar com a vida
mais vejo meus irmãos indo e vindo
no mais completo abandono.
Para José Vieira do Ó
nada de novo nada de velho
o Nordeste continua na mesma
eu me pergunto porque deus?
escolheram a região nordestina
para ser sempre assim
um quadro de miséria e terra de ninguém.
Para o verdadeiro nordestino
fã de forró viola e sanfona
tanto faz esta longe ou perto
aonde nasceu a onde vive agora
ele acompanha e procura saber
tudo que acontece na terra querida.
Eu sempre agir assim
nem a distância nem o tempo
as belas fantasias da vida
não fizeram esquecer o meu povo
meu Nordeste o meu Brasil
e a minha bandeira civil.
Agora voltei com minha alegria
rever tudo que já conhecia
digo que aprendi no sul maravilha
vim sonhando, estou lutando
e a vida se acha pior na Caatinga
árida fértil e abandonada.
A seca é um fenômeno natural
não é atraso de toda região
nem é a mãe da grande corrupção
a maioria dos políticos e que são safados
exploram seus próprios irmãos abandonados
e geram mais problemas sociais para a nação.
Wladimir Hérzóg
Que se regozijem os poderosos em seus castelos de força, em seus falsos pedestais e redutos de iniqüidades vis os dias seguem suas trajetória ... os tempos passam ... e não acabam as imagens dos tristes acontecimentos desse dia pintado sem cores vivas sobre uma tela fria.
Os fios dos nossos pensamentos não demorarão a partir. assim como a mais rígida fortaleza rodeada de soldados que ao bailado do tempo não tardará a ruir.
Perseguiram-te como perseguiram aos profetas de Deus e na calada da noite tentáculos armados impiedosos e sanguinários do teu humilde convívio te sugaram, te arrastaram Wladimir deixando trilhas de sangue a colorir as mentes obscuras das hienas sedentas de violência em seus infernos sem paz criando cicatrizes profundas que nem o tempo desfaz longe estavas e a cada momento te distanciavas mais os companheiros não puderam seguir tuas pegadas nem acompanhar teus passos pois o labirinto e os abismos dos inimigos da liberdade eram íngremes demais em nosso consciente humano teu vulto se projetava constantemente, transportando-nos à nítida realidade que jamais pensasses viver perspectivamente em nossos pensamentos chegamos a te ver caminhando com humildade, dignidade e muita coragem por entre corredores vigiados, infectos sórdidos e úmidos a transpor horas tensas a passo lentos e apressados o tenebroso túnel que te levaria a essa ida sem regresso que te afasta a cada minuto a cada momento e cada vez mais também dos que te feriram, te odiaram e te oprimiram, pois quanto mais te distanciares dessa fronteira desprezível
Mais próximo estarás das mentes e das faces operárias e onde quer que estejas ... tudo sejam momentos de paz e ternura, que no lugar das perguntas que te atormentavam no silêncio da noite agora você tenha os cânticos celestiais a aplacar o teu sonho no infinito e o amor pelo teu povo a te fazer feliz entre as nuvens e as estrelas dos céus e que tua política humana sejas um bálsamo de lembrança constante para todos nós que nunca podemos te esquecer que tal também perdoamos os algozes que te fizeram sofrer e entregalos todos a justiça reta do homem da cruz a única justiça Wladimir Herzog que nunca falha.
de Antonio Vieira Xynayba
Réquiem para Tito
Pelos caminhos do mundo, vago sozinho
e quanto mais caminho, no cerco me aninho,
cada minuto que eu sobrevivo
as dores da vida aumentam e tudo se faz imenso
em meus sentimentos e em meus problemas sem emendas
tudo está armado.; seguindo ou perseguindo-me
e na prática somente dor, na ciranda me rodeia, norteia,
assalta e de mãos pro alto sem nada, nesse circulo estou.
Todos que viram ou não viram, por favor ... vamos ...
façam movimentações, esqueçam as luzes reluzentes,
peçam socorro e pense na escuridão, chamem atenção
precisamos agir e peço com clemência sua compreensão,
para que rapidamente alguma coisa seja feita pela vida
antes que aconteça conosco o que aconteceu
com o irmão dominicano Frade Tito
que foi torturado e morreu enforcado na solidão.
Me elevo na vagância, voando no avião
ficar aqui não me deixam... estou indo sem liberdade
só meu pensamento fala a Deus meu Ceará
as miras das reluzentes carabinas miram-me.
E parado, sonhando, prostrado por sobre um muro frio do tempo,
sinto a presença constante do pelotão de fuzilamento
aceito essa morte premeditada no silêncio assassino do sistema.
Mas não acato as ordens dos falsos donos do poder.
de Antonio Vieira Xynayba
CABEÇA DE PONTE
Você pode fazer de si próprio
a cabeça de ponte da libertação
use a sua imaginação no tempo
e a natureza como maior exemplo
ferida ela muda sem constituição
mostra que a revolução de um homem
ninguém faz somente pensando
é importante participar de tudo no mundo
desistindo das lutas você mesmo some.
Se você quer mesmo mudar
isso que construíram pra vida
e evitar o atoleiro da poli-fome social
em pleno Brasil você comece a gritar
convoque um protesto contra a dívida
combata todo poder neo-liberal
tanto na ida como na despedida.
Se você anda assistindo novela
e violentando a menina da favela
você é um verdadeiro parasita
torcedor viciado dessa sociedade hipócrita
você deve parar de tudo isso aceitar
que sexo pra rico é coisa fácil
que pra vida de pobre tudo é difícil
defenda os direitos de viver e gozar
e perca o medo de se libertar.
de Antonio Vieira Xynayba
Pobre Gente
Eu só quero lhe dizer
eu só quero lhe avisar
pare logo de reclamar
também não vale somente rezar
quem faz o que Deus não quer
vive como deus quiser.
Nessa vida noite e dia
tem muita gente rezando
tem muita gente clamando
pelo pão nosso de cada dia
Eu também louvo a Deus
essa vida tão difícil
aqui em nosso Brasil
onde a justiça não existe
nem defende a pobre gente
que trabalha noite e dia.
Refrão: Quem faz o que Deus não quer
vive como Deus quiser.
de Antonio Vieira Xynayba
Vontade de Viver
A melhor coisa da vida
é deixar a vida acontecer
ter certeza e sentir prazer
ninguém é dono da vontade de viver
pois não adianta esperar
que tudo aconteça feito
o que a vida deseja
tem que ser na hora.
Quando estou feliz
eu penso que sou uma flor
ou uma briga cheia de amor
capaz de encantar
os olhos do mundo
que só vive a me olhar.
Amar no tempo sem fome
sorrir solto na estrada
a pé com a namorada
ou montado numa bicicleta
sem pressa, sem cigarro
com os cabelos misturados
entre dois corpos grudados
deitados nas asas do vento.
Certo é viver com certeza
tudo não é tanto faz
a Paraíba é uma menina teimosa
terra minha terra de Adriana
um dia ela rebelde disse nego
o povo sabe dessa história
sabe que a bandeira preta e vermelha
nasceu antes do Campinense e Flamengo.
de Antonio Vieira Xynayba
Humano Direito
Essa vontade de viver a vida
livre como milhões de astros
me faz correr mil perigos
flagela o meu corpo fácil
porque roubam tanto no Brasil
e vão embora em falsas nuvens astrais
parem de navegar pelos
os cosmos humanos do meu cérebro
ele já capta demais
todos os problemas sociais.
Dentro da maior apoteose de escândalos
me disseram que errar é humano
senti-me no mundo todo abandono
vi o povo perdendo suas esperanças
pensei todo poder tem corruptos mandando
e será que o ser humano
é assim mesmo atrasado?
e quando nascerá no mundo
um verdadeiro humano direito?
espero que seja um humano sem mandato.
De Antonio Vieira Xynayba
Nordeste árido
Como pode o Nordeste
suportar tantas mentiras
e viver tanta miséria
o nordestino sofre demais
enfrente mil dificuldades
e ainda sem reclamar nada
as safadezas premeditadas
cometidas por políticos
sem vergonha na cara.
O Nordeste é uma terra rica
como é todo esse imenso país
mais as maldades dos homens
noite e dia plantam lá
sua indústria de enganar
todo mundo sabe que existe solução
pra seca do Nordeste árido
desaparecer do cenário mundial
só que isso não interessa
os mercadores da miséria.
Em cima da fome e da sede
do bravo povo, povo nordestino
rola um mercado paralelo
que enche de dinheiro público
muitas bolsas de valores
de uma rede de famílias ricas
que sempre mandam na região
as custas de mão de obra barata
e de muita desinformação.
Se não fosse o cacto palma
o xique-xique a algaroba e a rapadura
os pobres de todo Nordeste
já tinham sumido do mapa
levando em seus corpos fracos
muita vida desnutrida
o Nordeste não precisa de esmolas
mas de soluções práticas e diretas
como as palavras de Vandré
os hinos de Dom Helder Camara.
De Antonio Vieira Xynayba
Amazônia
A devastação da Amazônia
é outra vergonha nacional
contra o coração da natureza
estão cometendo o maior crime ambiental
todos seres humanos da terra
tem que declarar guerra
a quem está roubando tanta riqueza
matando a flora, a fauna e a beleza.
A linda Amazônia está ameaçada
toda sua rica vida primitiva
também está sendo estuprada e arrasada
isto já faz mais de 500 anos
cresceu mais com a invasão portuguesa
agora tragédia ecológica é brasileira
e um falso progresso humano
está destruindo a mãe natureza.
Tento mais não consigo entender
a agiotagem pobre do dinheiro
que rola no mundo inteiro
os homens que estão no poder
com seus sistemas sorrateiros
que concentram todas as riquezas
as custas de todas pobrezas
somando o atraso dos falsos brasileiros.
Assim a Amazônia e toda a terra
talvez esteja dando o último suspiro
as belezas dos animais e da floresta
entre o Atlântico e o Pacífico
e muita coisa ainda desconhecida
estão sumindo nas fumaças das queimadas
tudo é a ganância do homem civilizado
que está criminosamente poluindo o mundo.
De Antonio Vieira Xynayba
Poema ou escrito absurdo
Estou aqui na Paraíba querida
resistindo como um cacto na terra
morrendo e sobrevivendo feito gente
pelos caminhos por onde caminho
mal sei de mim nesse mundo
ouço o Papa Sebo, sinto o sol quente
mas não ouço o Papa João Paulo II
tenho a vida e sinto coragem
longe do ouro do Vaticano
moro perto de Cuxixóla
sonho com Harlem e a Rocinha
como terminará o Irá de Aiatolá?
nunca gostei desse romance
entre Washington e Teerã
por causa de outras causas
o imperialismo do Tio San
e o fanatismo antigo sem vida
está apontando seus tentáculos
não sou contra o amor civilizado
mas sou contra as desigualdades sociais
e a favor dos que morrem desarmados.
Hoje os palestinos querem uma pátria
a mesma coisa que Israel quis ontem
nunca ninguém vai saber de tudo
nem os apóstolos foram tão burros
veja se o petróleo, é dos árabes
e a confusão que muito poder cria
tem homem e mulher por aí
que não fazem outra coisa na vida
esqueceram o puro sexo dos anjos
ligaram-se na moda e na orgia
é verdade a natureza hoje sobrevive
talvez provavelmente com a proteção divina
tudo são milagres invisíveis dos céus
que também estão protegendo a China
com muitos eventos armados acontecendo
não sei porque estou gritando melhore essa vida
enquanto milhões morrem sem comer um grão
os homens do G-8 estão discutindo estratégias de guerras
também há homens defendendo a paz e
melhora para todos os povos da terra
só que predomina a construção de mísseis teleguiados
de armas biológicas e alimentos transgênicos
todos homens poderosos são santos e bonitos
eles vivem as custas do atraso e do suor da pobreza.
Eu continuo teimando na Paraíba
talvez não seja eu que estou falando da vida
sejam os espíritos de Bolivar Gaytan e Cretan
é tão fácil fumar e beber
importar tudo o que se quer comer
ter gabinetes escritórios confortáveis
para tramar contra a vida dos mais humildes
praticar mil atos desumanos
distribuir notas na imprensa controlada
e dizer que está trabalhando
fazendo tudo a favor dos pobres mais fracos
como está fazendo o Tio San.
De Antonio Vieira Xynayba
Guerras Santas
A morte está em toda parte
interesses gananciosos dos homens
fazem aumentar as piores doenças.
No mundo inteiro, o medo já é infernal.
Seres individualistas, desumanos,
financiam uma indústria mortal.
Estão espalhando no planeta Terra
e até em outros corpos celestes
seus engenhos destruidores e venenosos.
Alguns já fizeram muitos estragos
Matando vidas e desesperando povos.
O homem precisa ver logo e urgentemente,
que está semeando coisas perigosas demais,
esses gases serín, isocionato de metila,
os cloros e outros gases carbônicos.
Os resíduos nucleares todos são mortais.
Os mostrengos teleguiados e biônicos.
Agora, também, os seres clonados
E os estranhos alimentos transgênicos,
com tudo isso, homem está entrando num beco sem saída,
vai se acabar como o pior lixo do mundo
e morrer com um poder que pra vida não vale nada.
Saibam: Não adianta a propaganda dizer,
que tudo isso é progresso para a vida.
Lembrem-se, outros monstros da humanidade
já tentaram impor a mesma coisa no mundo
urbano, Hitler, Stalin, Goebbels e Mussolini.
Nostradamus disse que todos estão tremendo nos túmulos,
assustados com medo de uma guerra atômica.
Copan e os deuses gregos Apolo, Artemes e Zeus,
estão organizando varias reuniões de paz lá no céu.
Ninguém entende as loucuras dos homens da Terra,
que se matam pelo poder fazendo guerras santas em nome de Deus.
De Antônio Vieira Xynayba
Léa
Léa mora no alto do morro,
dentro de um pequeno barraco.
O lugar é o mata cavalo,
mas Léa não tem nenhum burro.
Sobrevive a sol e neblinas.
Vê amanhecer e anoitecer,
rodeada de muitos problemas.
Mesmo assim, seu corpo de mulher
não perde a vontade de viver.
Léa sabe ter certeza de que
a força maior desta vida é Deus.
Na lua, no mar e na terra,
entre os homens explorando gente.
onde tiver um sopro de vida,
assim como para Léa e a sua família,
Deus também estará presente.
De manhã, ainda no escuro,
mulher, na picada filho, nos braços
é Léa, é Deus, é a vida sofrendo,
lutando no mundo de políticos safados,
e apesar dos perigos das armas,
sem liberdade e sem igualdade,
Léa reza pelas nossas almas.
No seu rosto de mulher trabalhadora,
tem toda a imagem da felicidade.
De Antônio Vieira Xynayba
Liberdade de imprensa
Os dias passam tão rápidos,
que falta velocidade na gente
para acompanhá-los no tempo.
Hoje, dia da liberdade de imprensa,
o dia é comemorado,
a informação com liberdade não
a censura ainda corta a arte da vida,
tem piquetes de meganhas armados
nas portas e nas porteiras
dos jornais das revistas
com ameaças não deixam
a verdade sair inteira.
Só sai mulher pelada
futebol e receitas de beleza,
coisas que interessam ao sistema.
A realidade do Nordeste
continua longe das primeiras páginas.
Aqui, politiqueiro deita e rola,
o sofrimento do povo vira piada..
Renato Aragão, Chico Anísio e outros
não aproveitam o espaço que tem na mídia
para denunciar a indústria da politicagem.
A realidade da periferia e da pobreza nordestina
não pode continuar sendo distorcida.
Por Deus, eu peço o fim de tanta sacanagem.
Para quem sabe que pra tudo tem um jeito
dói muito, muito, dentro do peito,
ver a fome, a sede matando irmãos camponeses,
dizimando todos os tipos de vida na Terra,
e ainda aturar as mentiras das autoridades
também dos chamados governos populares
pela vida a imprensa não pode se calar
nem ficar omissa diante de fatos reais
a indiferença fortalece o pensamento único
transforma os jornalistas em mercadorias
sem valor, sem moral e sem humanidade.
A serviço de homens tiranos desumanos
que usam a comunicação para enganar a população,
matam a verdade com promessas e escravidão.
Violentando todos os seus direitos humanos.
de Antônio Vieira Xynayba
Problema humano
Eu, Antonio Vieira, Lurdes Vieira e todos nós,
No mundo, sabemos ou não sabemos?
Será que muitas decisões se tomam na vida?
Eu não tomei nenhuma, não sei quando tomar.
Sou feito de erros e defeitos humanos,
Mas não permaneço neles. Por isso, sou humilde assim,
Otimista, para que os problemas da vida
Não me tirem a vontade linda de viver.
Procuro fazer e dar o melhor de mim,
Viver tudo de maneira simples
Sem passado, sem futuro, só a liberdade à paz e o presente.
A saúde do corpo me é fundamental.
Também procuro fingir que sou livre
Mas ando acorrentado com os problemas do mundo,
E pior com os meus problemas também.
Olho para os meus semelhantes e entendo
Que muitos como eu também sabem fingir, e
Que atrás de um sorriso quase sempre se escondem
Um “desespero, o tédio, a angústia e a frustração”.
Já cheguei odiar tudo e todos, odiei a incompreensão,
A indiferença e a hipocrisia de toda a humanidade.
Senti-me perdido e preso por muros, batendo em portas invisíveis,
E pensei na morte como solução para o meu problema humano.
Procurei penetrar dentro de mim em busca do meu eu perdido,
Mas, nada existia em mim, tudo era só tristeza, só vazio...
Procurei penetrar, então, no íntimo das pessoas
E sentir de perto o peso dos seus problemas.
Percebi que os meus não pesavam tanto,
Que minha mente tinha que suportá-los.
Nos meus semelhantes, eu me encontrei.
E sentindo os problemas dos outros, aprendi
A conformar-me com os meus, e tudo vou superando,
Pois existem muitas pessoas com problemas maiores do que os meus.
No entanto, estão lutando para mudar a situação.
Apesar de tudo elas conseguem cantar, dançar e sorrir.
Por que então procuramos apagar de nossa face
A beleza de um sorriso que faz tanta gente feliz?
O certo, neste mundo difícil é tentar ser livre,
Livre para pensar, livre para saber quando falar, quando calar.
Vale a pena ter fé acreditar em Deus noite e dia,
Mas sem nunca querer ser o pai da verdade.
Quanto ao amor, a felicidade depende de todos nós.
De Antonio Vieira Xynayba
Sexo da Terra
Urgente outra vez volta a gritar
Estão violentando sem nenhum amor
A vida linda e o sexo da terra
Os povos do mundo inteiro
Precisam logo se conscientizar
Que o poder das armas e do dinheiro
Junto com a violência do modismo
Serve mais pra vida toda depredar
A explosão da usina de Tchernobyl
Matou e contaminou milhões de vidas
Em várias partes da terra
Gerando câncer em adultos e crianças
Esse trágico acidente nuclear
Não fez ainda o chamado ser humano
Criador dessa tamanha desgraça
Tomar vergonha na cara.
Sabemos que por toda parte do cosmos
Flutuam nuvens venenosas de isótopos
Gases radioativos que penetram em nossos corpos
Existe milhões de ogivas para nós apontando
Mais para saúde e a educação dos povos
A conversa é que falta sempre recursos
Assim estamos construindo nossos abismos
Ouvindo gritos silenciosos e rajadas de metralhadoras.
De Antonio Vieira Xynayba
Horizonte Azul
Sentado no vento que passa
A olhar o horizonte azul
Da linda América do Sul
Vejo os últimos raios do sol
Se perderem entre as montanhas
Parece que estão indo tão rápidos
Como se fossem tragados
Por forças estranhas do cosmos
Ou por imensas garras mentais.
A noite se fez presente
Envolvendo todo o universo distante
Cobrindo com toda sua escuridão
As humildes choupanas e mocambos
Os lampiões se fizeram presentes
Cortando a imensidão da noite
Com seus tênues raios de luz.
E o céu com todo seu esplendor
Mostra a sua face radiosa
E as estrelas com seus brincos
Brilhando como diamantes de mil quilates
Trouxeram uma mensagem de paz
E de tranqüilidade serena sem fim
Para os poetas e amantes sonhadores.
E tudo em mim se fez silêncio
Peguei a rememorar o passado
Vê de novo aquele infinito horizonte azul
E embarquei nas asas do tempo
Das minhas fantasias reais
Pensei nos que se amam com liberdade
E aconchegados dormem lado-a-lado alados.
Pensei várias vezes e sentia a paz tão gostosa
E lembrei-me da violência da guerra
E dos que morrem inocentemente
E dos que matam somente cumprindo ordem
Por um objetivo sem fundamento.
Pensei nos ricos desumanos
Que esbanjam suas fortunas
Em galantes conquistas a curto prazo
E lembrei-me dos humildes abandonados
Que rezam em volta de mesas vazias
Rogando pelo pão de cada manhã.
De Antonio Vieira Xynayba
Lob Geral
Lob, Lob lugar comum.
Vida solta ao ar livre
Onde o rico não tem pressa
Onde a moda faz presença
Tudo o que Paris veste
Longe da Paraíba e do Vietnan
Vem direto para o Lob
Como as borboletas que passam.
Raquete em mãos macias
Ninfas de saias curtinhas
Bate na bola com carinho
A bola e o sol tudo é lindo
A juventude cresce limpa
Enche de brilho e beleza
Os olhos sensuais do corpo
Com a dança louca das pernas
E coloridos das calcinhas.
Meu coração humano natural
De militante social, imagina
Tudo podia viver livre na terra
O mundo todo feliz
Todos os animais em plena paz
A terra o cosmos coberto de amor
Muita vida pura e somente ternura
Com liberdade sadia como no Lob Geral.
De Antonio Vieira Xynayba
Zé Paraíba
Para todo lugar deste mundo
Vai Zé Paraíba trabalhar, trabalhar...
Zé sobrevive no naufrágio real.
É obrigado a aceitar as metas do sistema
Decretadas e impostas todo instante
Pelo poder do holocausto neoliberal.
Zé anda amuado, sempre revoltado
E enchendo o pote de cachaça,
Criando quizumbas nos botecos.
Foram tantas, que um dia, de cabeça lascada,
Acordou de porre preso na delegacia
E perguntando ao delegado engravatado:
Que foi que aconteceu na favela?
O delegado acendeu um cigarro importado,
De cara feia frangindo o couro da testa,
Respondeu: - Não vou soltá-lo tão cedo
Você é um vagabundo pilantra e biriteiro,
Só vive bêbado, desobedecendo à lei,
E agora vai mofar aqui dentro da prisão.
Zé, em poder se defender da acusação
Engoliu seco, bem calado,
Tanta incompreensão do irmão policial
Sustentado e pago com seu suor.
No Brasil é assim a polícia só prende pé rapado,
Mas Zé, sozinho, não pode fazer nada.
E na maior tristeza do mundo,
No Rio de Janeiro, vendo o sol nascer quadrado,
Chega a lembrar de mil coisas:
Da família e da terra tão distante.
Sabe que o seu crime foi só beber demais,
Chamar a polícia e os políticos de ladrões,
Tudo para esquecer o abandono da realidade.
Zé também ouve no rádio, chega ver nos jornais
Que a corrupção política sumiu com bilhões.
Zé não se conforma, fica puto com tudo dessa vida.
Dentro de um cubículo sujo e completamente derrotado,
Nem a propaganda do falso futebol
Consegue distrair a mente do Zé Paraíba,
Que sem querer, perde a fé e a esperança,
E organiza com outros presos sangrentas rebeliões
Assustando a elite desumana e dinherista,
Que é a mãe de Zé, Escadinha, Pit-Bull, Meleca e Parasão.
Ela é a verdadeira culpada pela violência dentro e fora das prisões,
Porque não distribui a renda, nem investe na educação.
De Antonio Vieira Xynayba
Nordeste Desertificado
Em todo Nordeste desertificado
Politicamente atrasado e roubado
Na beira da praia e no serrado
Tem muito latifúndio cercado
Fazendas escravos criações de gado
Protegidas por arames farpados
Grileiros e pistoleiros armados.
Que matam um pobre que não tem terra
Nem para plantar um roçado
O Nordeste é igual todo território brasileiro
O rico financia o negócio da violência
Com dinheiro compra a polícia e a justiça
Que só condena o miserável coitado.
Assim mesmo no Nordeste
Que pela vida tenta se libertar
Vejo uma linda bandeira encarnada
Numa verde algaroba amarrada
É a vontade unida do povo camarada
Lutando pra viver com dignidade
E a união humana da foice e da enxada
Comandada pelo Zé Paraíba
Homem que sobrevive na Caatinga
Pedindo a reforma agrária
E enfrentado toda a sociedade reacionária
Que criminosamente se diz a dona da terra
Para todos tão necessária.
A elite brasileira é muito atrasada
Prefere andar com uma guarda armada
Viver dentro de casa acuada
Falando na TV escrevendo em jornais e revistas
Que o campo está cheio de guerrilha
De baderneiros anarquistas e comunistas
Homens e mulheres que não querem fazer nada
Essa política dominante precisa logo mudar
As cidades estão todas super lotadas
A elite brasileira vai ter que reconhecer
Que uma reforma agrária bem feita
A vida de todos vai somente melhorar
Semeando no campo e nas cidades amor e paz.
De Antonio Vieira Xynayba
Mãe Nordestina
Diante do céu azul
A mãe nordestina reza
Orando cheia de fé ela pede
Uma chuva para plantar
Ou um socorro qualquer do sul
No seu colo o filho chora
Somente pela vida
Pedindo água e comida
Mamãe, mamãe, papai
Tou com fome tou com sede
Quero água com açúcar e farinha
Cadê a rapadura com fubá
Meu bucho ta doendo tanto
Mamãe, mamãe, papai, papai
Peça a Padim Ciço seu santo.
Sem saber o que fazer
No meio do me dá, me dá danado
Vendo o fundo do açude seco e rachado
A mãe nordestina clama
A Deus criador de tudo
Uma ajuda um milagre
Para não morrer de fome e sede
Abandonada no mundo.
Em 1958 vi minha mãe nordestina
E muita gente aperreada
Naquela situação de abandono
Comi xique xique bunda de tanajura
Comi palma mandacaru e faxeiro
Comi flor de crodifrade cambeba
E comi cafôfa de umbuzeiro.
Naquela época difícil sobrevivi por sorte
Não sabia o que acontecia na terra
Nem que o futebol brasileiro existia
E tava disputando a copa do mundo
E rolando a bola lá na Suécia
Onde eu morava não tinha nada de alegria
Que dirá o rádio para ouvir o futebol de Garrincha.
Minha mãe nordestina
Ermantina Vieira da Silva
Lembro dela falando com papai
O cabra José Vieira do Ó
Hoje não tem nada para se comer
Veja se a cacimba já chorou
Água para a gente beber
Leva a piranha passa lá no agave
Quem sabe Deus ajuda ela caçar um preá
Zé meu veio arranje qualquer coisa
Nossos bichinhos vão morrer se não comer.
De Antonio Vieira Xynayba
El Ninos da América Latina
Neste estado de sítio, nesse sistema de força.
Sou somente um El Nino e estou preso
Em território Uruguaio longe da alegria
Sem liberdade, sem a vida solta de Filartiga.
Sou Camilo, sou francesa filho da América Latina.
E mais, sou um ser humano filho dessa terra.
Carente de tudo, com toda vida proibida.
Só em sonhos vejo papai e mamãe
Sofrendo horrores dentro de uma prisão
Acordo pensando e não vejo saída.
Porque os problemas do mundo inteiro
Noite e dia sempre andam comigo
Porque os ditadores tiram a liberdade do povo
Não vou me conformar nem aceitar a viver assim
As lembranças são muitas moendo dentro de mim
Não sei porque já nasci sendo perseguido
Porque tenho que aceitar tudo que me oprime
Nessa situação vivo a vida tão triste
Levaram papai e mamãe não sei para onde
Agora estou com medo somente chorando.
Mesmo criança vivendo na América do Sul
Sofro ameaças falam que vão me matar
Isso não vou esquecer, nunca mais
Hoje com oito anos minha vida está marcada
Vivo arribando de terra em terra para sobreviver
Sei tudo que acontece com o povo dias após dias
Sinto-me cada vez mais um Nino massacrado
Pois estão vigiando todos meus passos inocentes
Tem quem ache que eu estou sabendo demais
Que sou um perigo para os ditadores do Cone Sul.
Eu Camilo, minha irmã Francesa e meus pais.
Nunca matamos ninguém nesse mundo
Estamos presos pela causa linda da liberdade
Minha inocência está me valendo solidariedade
Colaborar com a vida nunca foi pecado
Todos precisam lutar pelos El Ninos da América Latina
O sistema está nos usando como bucha de canhão
Podemos viver livres dentro de nossas casas
Trabalhando e amando juntos com nossos pais
Sem ter que matar ou morrer por culpa da exploração.
Histórias da minha vida
Antonio Vieira é meu nome, o nome do meu pai José Vieira do Ó, da minha mãe Ermantina da Silva do Ó (ambos analfabetos), nasci em 1-5-1948 no sítio Malhada do Umbuzeiro pela manhã, a parteira foi dona Mãezinha, fui criado com leite da Jumenta Pachola, aos 4 anos comecei a trabalhar no roçado, ainda lembro-me meu acunhando um enxadeco. Isso é caneta de pobre, em 1957 com 9 anos fui alistado na cachorra magra, até 1958 aprendi muito com outros cassácos, fazendo açudes arrumando estradas, passei momentos de medos. Um desses foi no dia que uma jararaca mordeu meu pai no riacho da Charita, quando a gente ia de madrugada para frente de trabalho, ele comeu alho e colocou fumo de rolo no local da mordida e foi trabalhar assim mesmo. Tive muito medo também quando tivemos que dormir no mato. Lembro-me que armei minha rede bem alta no galho da quixadeira. Eu dormia encolhido enrolado pés e cabeça, tinha medo do Caipora-Zumbi, das almas de caboclos brabos, das onças e dos papa-figos.
Depois com a volta da chuva voltei para a lavoura junto com meu pai que sobreviveu, graças um milagre de João Zezé um curandeiro dos Pascáço.
Em 13 de Dezembro de 1969 junto com Zé Preto meu primo embarquei para o Rio de Janeiro no ônibus da Planalto, foram 3 dias com 3 noites de viagem quando cheguei no Rio passei um mês tonto com a barulheira, meu primo serviço foi chutar pá enchi muita carroceria de caminhão, depois trabalhei numa obra na rua Santa Lúcia em Laranjeiras.
Trabalhei de caseiro na Rua Alice, trabalhei de balconista numa cantina do SENAC na Rua Pompeu Louredo em Copacabana. Foi no SENAC que eu comecei a ler o jornal Pasquim. Li mais os proibidos. Ganhava o Pasquim de Coentro, Nani e até do Ziraldo, tinha um pessoal do Pasquim que ensinava artes de desenhos no SENAC, outro camarada bom foi Germano Brum, um cabra de Peia, no SENAC também eu conheci Denival e Paulo Mello esse membro do PCB, lendo e conversando comecei, a saber, o que se passava no Brasil, Américas e no mundo inteiro.
Morando na Rua Leite Leal 135, vizinho do cantor Luiz Vanderlei conheci outros artistas nordestinos, no SENAC fiz amizade com pessoal do teatro Jorge Coutinho – Bayea. Carlos Vereza, Stênio Garcia, que um dia não deixou eu brigar com Carlos Vereza porque eu não permiti o fura-fura da fila na hora do lanche dos estudantes.
No SENAC também nasceu a dupla Vírus e Vermes. Sobre o dinheiro tudo o que eu ganhava tirava o da sobrevivência e que sobrava mandava para meus pais na Paraíba onde tinha 11 irmãos de uma família de 15 filhos.
Depois que saí do SENAC fui trabalhar com uma doceira na Rua Lacerda Coutinho, 53 Copacabana. Desde 1972 comecei a escrever um diário, onde eu falava de tudo. O camarada Vermes em vários cadernos junto comigo. Eu andava o Rio de Janeiro inteiro, sabia quase todas coisas perigosas e discutidas nos botequins do Bigode, do Antônio Português, os motivos do atraso humano segue no Rio de Janeiro entre 1977 a 1980 passei por altos e baixos na vida, ia aos debates no teatro Casa Grande. No teatro opinião também, já tinha um circo de amizades dentro das correntes que lutavam pela democracia.
Nesses anos me desentendi com minha irmã Valdeci, que eu a chamava de “Pinocheta”, tive que dormir na praia, na rodoviária Novo Rio, e cobertor era cachaça São Francisco com muita coragem nordestina.
A minha ida para Petrópolis no dia 20-12-1980, aconteceu devido uma tragédia humana, o Rodrigo uma criança de 2 anos morreu afogado na piscina do patrão, a minha irmã Lurdes quase enlouquece, cheguei em Araras, Petrópolis como irmão e psicólogo sertanejo, só que a minha irmã começou a beber e fumar, para esquecer o que nunca vai poder esquecer. Foi quando decidimos, ela voltou para o Rio de Janeiro, e eu fiquei em Petrópolis trabalhando no Sítio aonde aconteceu a tragédia da vida da minha irmã.
Sempre lutando pela vida
E outras histórias que vivi.
Em 1970 na Rua Alice convivi com várias coisas da vida, já orientava o pessoal de uma favelinha que tinha em cima de uma pedra ao lado do número 1.130, distribui muita água escondido do patrão para aquela pobre gente.
Convivi com os malandros da época João da pinta um pernambucano rebelde que morava na favela.
Em 1974 fui taxado de comunista no SENAC onde eu trabalhava, o motivo atrasado, era que eu recusava assistir os jogos do Brasil na copa do mundo, naquele tempo eu perguntei a João, Edmundo, Manga e a todos, porque o Brasil um país que tem futebol como principal esporte, é tão atrasado na educação, na saúde, na agricultura e etc e tal.
Em 78-79 participei da luta pela anistia ampla geral irrestrita, cheguei a levar porrada da polícia da ditadura na ocupação do prédio da UNE na Cinelândia.
Em 1980 já em Petrópolis, enegrecei no movimento popular participando das reuniões com membros da igreja, formamos Associação comunitária no Malta, Correias, também ajudei na ocupação do Vale das Videiras junto com camarada mano, criei junto com Moisés Cupamam, Ruth sua filha, Drª Sonia e Ailton, o centro comunitário de Araras Petrópolis. Atuei em Petrópolis até 1984, enfrentei Paulo Rattes e os poderosos do condomínio Denasa.
No final de 84, já em Teresópolis trabalhando como caseiro, entrei na luta da defesa da floresta do Jacarandá junto com ecologistas da cidade e do Rio de Janeiro entre eles Eduardo Chuay, Carlos Minc e Vidoc Casas.
De Teresópolis comecei atuar no Rio de Janeiro engajado nas lutas populares. Participei da MST com Jairo Coutinho, Edmilson Soares, na CUT, com mesmos companheiros, participei das reuniões da Fundação e das lutas da Assembléia permanente do meio ambiente, junto com Gabeira, Carlos Minc, List Vieira, Lucélia Santos, Herberte Daniel, Luiz Henrique Lima e muitos companheiros.
Em Teresópolis fundei várias associações de moradores junto com Silvio Camacho, Tânia Aurora, Pe, Dalton e Valdir, também junto com Chico Alencar que elegemos para presidente da FARMERJ. Lutei noite e dia no movimento das diretas já, lancei um manifesto da minha autoria, abertamente participei da campanha partidária de 86, escrevi um livreto clamando a participação popular, no mesmo ano, lutei junto com Maurício Pentak, Edmilson Soares, Moacir, Manoel Fontes, Wilson Paim, Modesto da Silveira, Vânia Barros, Maria da Glória e Álvaro do centro de defesa dos direitos humanos, pela reforma agrária na fazenda Alpina Teresópolis, conseguimos, depois tive que passar 6 meses exilando na Paraíba, devido várias ameaças de morte.
Sempre participando de encontros populares e manifestações ecológicas, pela saúde, moradia, direitos civis e reforma agrária, atuei em todo o estado do Rio de Janeiro, era casado com o mundo fazia e faço tudo pela vida, na campanha da constituinte trabalhei noite e dia. Escrevi 10 cartas com propostas e sugestões para conselho popular pró-constituinte, devido esse gesto, recebi uma carta de Afonso Arinos presidente do dito conselho.
Trabalhando cheguei novamente a campanha presidencial de 89 corri mil perigos descia para pegar material no Rio de Janeiro, com pouco dinheiro tinha dia que nem comia nada, naquela época trabalhei em ferro velho, fazendo jardins e pegando qualquer biscate, para não virar ladrão como muitos politiqueiros brasileiros.
Escrevi também Collor é o bezerro de ouro do sistema. O livreto repercutiu tanto que o candidato Collor mandou uns capangas me dar uma pisa em Teresópolis, sorte que a tropa me encontrou no restaurante Califa, quartel general das brigadas brizolistas e lulistas, que salvaram minha pele não deixando os coloridos tocarem em mim.
Passado a eleição fiquei desanimado com a derrota do Lula para os esquemas dos poderosos, continuei trabalhando em jardins vendendo artesanatos nas praças do Brasil.
Entre 91 e 92 foram anos tensos para mim, meu pai faleceu de câncer de próstata, depois de um sofrimento sem fim, presenciei seu padecer sem poder fazer nada e me senti um nada nesse mundo.
Depois que enterrei José Vieira do Ó o meu pai, voltei para Teresópolis, em 93, novamente voltei a Paraíba desta vez para me casar com a companheira Adriana da Silva Vieira com quem vivo até hoje.
O casamento me fez um prisioneiro apesar de continuar na militância social, estou atuando com mais cuidado, não afrontando tanto a elite dominante.
Como aprendi a ler e a escrever, em 1954 eu já lia o B-A-BÁ da carta de ABC sem nunca ter ido à escola, a professora se chamava Terezinha, ensinava a mais de 600 seres humanos, sozinha naquele Cariri seco da Paraíba.
Lembro-me que o meu pai falava que estudo não dava camisa a ninguém e que caneta de pobre é cabo de enxada, ele dizia mais as fêmeas podem estudar se quiserem e os machos tem que trabalhar na roça.
Só que eu aprendia tudo que ouvia os mais velhos contando as histórias
de cãocão de fogo, João soldado, Antonio Silvino, Virgulino Lampião, Jesuíno Brilhante e também as histórias das cantorias no Sertão, quando era noite de lua clara, com as minhas irmãs, eu pedia a elas para me ensinar a escrever riscando com o dedo o chão do terreiro lá de casa, foi assim que escrevi as primeiras palavras, bala, caneta, fome, sede, água, comida, jumento, boi, vaca, cabra, bode, bosta, merda, peido, pai e mãe.
Ainda me lembro que quando fui à escola, já fui lendo a cartilha do povo, tinha decorado a mesma toda, na escola eu ia brincar e na hora de Terezinha tomar a lição eu respondia todas perguntas sem errar nenhuma.
Só que minha alegria durou pouco, freqüentei a escola somente uns 6 meses depois ainda tive umas aulas em casa com a minha irmã Valdemira, lendo o livro Brasil minha pátria, que tinha sido dela nunca esqueci as histórias de Mani, Itabira, Saci Pererê, eram histórias indígenas de nosso Brasil.
O resto, fui trabalhar nas fazendas do Nordeste e nas cachorras magras do sistema dominante brasileiro.
Quando cheguei no Rio de Janeiro peguei a ler jornais velhos que eu achava no lixo aí fiquei viciado e acho que tudo que sei hoje, aprendi lendo livros, revistas, jornais e folhetos de Cordel dos Violeiros.
Mesmo míope quase geral, sou viciado em leitura.
Título do livro: Xynahyba fora de moda.
De Antonio Vieira Xynayba
Maior Show da Vida
Tem hora nessa vida
Em que qualquer um de nós
Se pega falando assim:
- Acho lindo de mais
Dizer que te amo,
Falar para alguém
Que estou apaixonado,
Que faço qualquer coisa
Agora, por ti, meu bem,
Sou só tua e de mais ninguém.
Homem, mulher, sapatão ou viado,
Que falam isto também aquilo,
Nem sempre estão dizendo
Toda verdade.
Qualquer ser sincero sabe
Que o sentimento amor
Na hora é o melhor momento da vida,
E depois do rola-rola do dia-a-dia
Vira a ponte da ilusão.
Eu mesmo acho lindo ouvir.
Muitos te amam, te querem.
Eu sou todinha tua, amor.
Entre sussurros e suspiros,
Sempre acontecem mil promessas,
Mil juras de amor sem amor.
O ato amoroso é um teatro gostoso.
Pena que no maior show da vida
Quase tudo que acontece é mentira.
A todo o momento, na cama, no mundo,
Quantos não falam a mesma coisa!
Tu és o maior amor da minha vida.
Foi Deus quem te fez gostosa,
Sem ti eu não consigo viver.
Mas depois que, baixa o fogo
Do instinto e das carícias,
Cai um mundo de silêncio.
Quem goza primeiro fala amor-amor,
E de mais nada quer saber.
O ENREDO BRASILEIRO
DE BARBOSA LIMA SOBRINHO
Barbosa Lima Sobrinho, você foi embora...
Sai desta vida de tanta luta conhecida
Para outra vida ainda tão desconhecida
Agora Barbosa Lima Sobrinho, a decisão é nossa.
O povo nada sabe, a nação está vendida.
Agora todos nós precisamos saber
A nossa responsabilidade política
Com a nação brasileira ficou muito maior
No campo, na mata e na praça.
Barbosa, toda sua luta proclama.
De novo e novamente o verdadeiro brasileiro chorou
Doutor Barbosa foi embora, foi embora...
Heroicamente contra os poderosos ele lutou...
Com inteligência, simplicidade defendia, vivia a vida,
Como diz Vandré, ele soube fazer a hora.
Para o mundo e a nação brasileira
A sua morte foi uma grande perda humana
Eu nunca tinha sentido esta montanha de tristeza
O povo brasileiro um dia vai reconhecer o tanto que você fez
Todo o Brasil vai gritar enlouquecido de lembrança.
Agora nesta hora tão difícil
A bandeira certa é a bandeira de Barbosa
Ele lutou, sofreu e morreu pelo Brasil.
Então unidos vamos à luta, povo brasileiro.
Construir para todos um país democrático
Com liberdade, igualdade, amor civil,
Sem ditadura totalitária de governo entreguista
Desfilar na teoria e na prática
O enredo brasileiro de Barbosa Lima Sobrinho.
Agora mais do que nunca neste mundo
Peço a colaboração de todo povo brasileiro
Vamos fazer na prática o nosso destino comum
Realizar a obra sonhada de João Pedro e de Barbosa,
Aposentar com esquecimentos os vendilhões antipatriotas
Políticos, carreiristas, corruptos e falsos brasileiros.
Que com mentiras sempre enganam o povo e a nação brasileira
O Legado nacionalista de Barbosa Lima Sobrinho
Precisa ser a bandeira verdadeira.
Antonio Vieira Xynayba
PREMEDITADO
Parece que tudo é premeditado
Ninguém se controla no carnaval
O povo é quem paga todo o bacanal
Podia ser mais feliz e mais organizado
E não sobreviver o tempo todo sonhando
Enquanto a turma que programa o festival
Sem suar e sem rebolar no asfalto
É quem fatura com a alegria do seu barato.
Não sei até onde o povo acredita
Quando os poderosos dizem
Que o povo é o dono da festa
Só que depois que tudo passa
O povo descobre que não é tão feliz.
Há quem diga nessa vida
Tudo faz parte do jogo
E aqui na terra quem manda
É a mentira com propaganda
Oh Deus não sei até quando
O povo vai continuar sambando
E se deixando ser roubado
Comemorando tudo que é gol.
De vez em quando no carnaval
Aparece a loucura santa de Joãozinho trinta
Mostrando todas as misérias da terra
E as tragédias da guerra do dia-a-dia
Comandados pelo poder da violência oficial
Que manda a mídia estampar a carne da folia
E rolar a bola com a inocência da alegria
Vale tudo ninguém tem culpa é carnaval.
Antonio Vieira Xynayba
PROCURE
Procure em todos os acontecimentos
Ser um forte em sua livre solidão
Mesmo quando preso a profundos sentimentos
Ou em liberdade aparente, acorrentado.
A problemas mundanos da multidão.
E...
Mesmo preso atrás dos muros rodeados de medos
Sonhe e pense, no mundo e sua imensidão.
Nas liberdades e nas grades das prisões cheias de pobres
Na elite rica e armada e na situação dos seus irmãos
... Nas palavras cheias de carinhos
Sem esquecer as bocas que as proferem
Repletas de promessas lindas e
Cheias de fartos escárnios.
Pois...
Na vida existe um constante tumulto
Modismo, consumismo e poder que faz muito barulho.
Mantenha-se como múmia... Estatua muda
Na mente também, há conflitos a todo o momento,
Silencie não grite socorro, a humanidade esta surda.
Pense...
... Na guilhotina social... Nas palavras sujas
Na tempestade atômica. No vento e na chuva escura
... Sorrisos sem culpas constantes das crianças
Nos seus dias-e-noites e nas suas esperanças nuas.
No calor escaldante dos caminhos desertos
E nos orvalhos noturnos trazidos pela suave brisa
Que cobrem as plantas os corpos
Nos campos e dentro de humildes barracos.
Acredite...
Nas mentiras vivas, quando verdadeiras...
E verdades quando falsas...
Nas certezas, quando compartilhares delas.
E grite seco, quando emudecido puderes escutar o seu eco.
Tente...
Sentir no seu corpo... O sangue que corre em suas veias
As lágrimas que brotam de seus olhos secos
Os espermas que escorregam nos sexos e nas mãos
Os prazeres que emanam de sua mente humana.
Os sentimentos e dor dos seus lamentos.
Procure I
Ser a arma da vida, o corpo que transa e luta
Usando a força do amor com liberdade sem violência
Tendo como base a melhor estratégia
Que são as estações da natureza.
Antes procure...
Não ser... A gravata que desponta nos colarinhos brancos
Nunca aceite jogar o jogo dos times das drogas
Sempre seja simples como um molambo surrado
Que aquece e cobre os corpos nas calçadas
Defenda seus ideais, pense no mundo de paz em todos e em você.
Antonio Vieira Xynayba
Poder Global
Antes de tudo, camarada
Procure ser um forte na terra
Não sofra solidão por nada
E, por uma causa justa
Combata. Entre na guerra
Sempre lute pela liberdade,
Mostre para toda a sociedade,
Que a verdadeira realidade na vida
Nunca aparece na propaganda
Oficial dos chamados poderosos.
Hoje todo cuidado é pouco
Todos temos os mesmos problemas
Porque fazemos parte do povo
Por isso, não vamos virar Madalenas,
Nem aceitar esse poder global
Que noite e dia, faz a gente acreditar
Que a vida de todos no mundo vai melhorar.
Mas a mídia do G-8 investe nessa enganação mundial
A globalização é uma canoa furada
Nenhum trabalhador nela deve embarcar.
Vamos conscientizar nossos corações
Libertar nossas mentes e mobilizar as multidões
Para política dominante da globalização.
Não podemos da mole não
Exigimos uma globalização humana
E somos contra a qualquer sistema sacana
Não podemos perder a nossa fé
Temos que lutar como faz José Bové
Vamos todos gritar de uma só vez
Abaixo o poder assassino da globalização.
De Antonio Vieira Xynayba
PASSADO MARCADO
Medo é o maior atraso da vida.
Saia de você com certeza
E dane-se por cima desse mundo.
Nunca pense no dia que vai cair
Pior é morrer conformado sem reagir,
Não sinta medo para não cometer asneira,
Na hora é tão fácil salva-se quem luta.
Lembre-se do passado marcado,
Lamba a poeira das marcas desumanas
Feitas com violência e o abandono do estado
Do jeito que tudo aconteceu premeditado.
Sem nenhuma necessidade, os fatos acontecem.
Foram demais além dos limites humanos.
Nenhum povo merece
Passar tanta agonia.
Melhor seria ouvir Vandré cantando
Livre, com todo o mundo alegre,
Depois arribar numa estrada
Com uma amada a tira colo,
Sem nada e sem medo da armada.
Acredite na força da solidariedade:
As mentes e os corações
De todos os povos inocentes,
Numa linda primavera vão se abrir,
E todo o sangue derramado nesse chão
Vai fazer a liberdade de um povo de amanhã.
Pela vida, mesmo sem ser possível evitar,
Rebele-se contra toda forma de injustiça,
Resista, não chore, proteste de alguma maneira.
E da presença dura da morte muito calma
Olhe ela com ternura, beije a terra amada,
Morra com coragem, morra com bravura.
Antonio Vieira Xynayba
Maior Show da Vida
Tem hora nessa vida
Em que qualquer um de nós
Se pega falando assim:
- Acho lindo de mais
Dizer que te amo,
Falar para alguém
Que estou apaixonado,
Que faço qualquer coisa
Agora, por ti, meu bem,
Sou só tua e de mais ninguém.
Homem, mulher, sapatão ou viado,
Que falam isto também aquilo,
Nem sempre estão dizendo
Toda verdade.
Qualquer ser sincero sabe
Que o sentimento amor
Na hora é o melhor momento da vida,
E depois do rola-rola do dia-a-dia
Vira a ponte da ilusão.
Eu mesmo acho lindo ouvir.
Muitos te amam, te querem.
Eu sou todinha tua, amor.
Entre sussurros e suspiros,
Sempre acontecem mil promessas,
Mil juras de amor sem amor.
O ato amoroso é um teatro gostoso.
Pena que no maior show da vida
Quase tudo que acontece é mentira.
A todo o momento, na cama, no mundo,
Quantos não falam a mesma coisa!
Tu és o maior amor da minha vida.
Foi Deus quem te fez gostosa,
Sem ti eu não consigo viver.
Mas depois que, baixa o fogo
Do instinto e das carícias,
Cai um mundo de silêncio.
Quem goza primeiro fala amor-amor,
E de mais nada quer saber.
De Antonio Vieira Xynayba
TERESÓPOLIS I
Somente duas Terezas
Corpos cheios de belezas
E uma só mulher
Enchendo o mundo
de vida.
Sua cidade
No cio da liberdade
Tereza
A polis
Que flutua entre as estrelas
Seu sangue
Que corre por todos
Na luta pela vida
pela solidariedade
Em busca de igualdade
Xinahyba e
Terezas
O amor e a
certeza
de que somos
Hoje e agora
Um só homem
Uma só mulher
Um mundo livre
amanhã
Dentro de cada um
coração.
Xynahyba I
Xynahyba vi em ti, cidade linda,
Uma simples morada natural.
Teu clima tem saúde sobe alto meu astral
Estou em Vênus, numa ilha transparente.;
Onde um povo unido vive contente
Xynahyba tu, existes de verdade
Em teu ambiente, respiro amor, paz e liberdade
Teu povo trabalha no mundo independente.
Agora tenho toda certeza.;
Encontrei a verdadeira terra prometida,
Desarmada, no meio da natureza.
Em ti Xynahyba reina somente a igualdade.
Também em ti não existe autoridade
Quem manda mesmo é o poder da solidariedade
Teu povo vive feliz curtindo tudo da vida.
Ninguém sabe o que é democracia e saudade
Só conhece alegria e felicidade
Ninguém discute futebol nem religião.
A política em Xynahyba é a arte da união.
Todos vivem na mais perfeita harmonia.
AMANHÃ
Amanhã, tudo vem, tudo vai irmão
Como o sonho de avião
Como o som de uma canção
Abandonando teu coração.
Mas amanhã,
É outro dia, irmão
No mesmo dia
Na mesma corrupção
No mesmo mês
Na mesma estação.
A cada instante aumentam as levas de irmãos
Mendigando nas feiras
Sem emprego e pedindo pão
Caminhando nos campos, nas cidades
No meio da multidão
Com frio ou calor
Na mais triste situação.
Mas amanhã, como será amanhã?
Sem nada para assar
Sem nada para cozinhar,
As panelas estão vazias, irmãos
Só há cinzas no fogão.
E sozinho amanhã, sei lá,
Vou arribar do Sertão
Como vai ser, como será?
Na mesma estação
Quente ou fria
Sei lá, sei lá...
Sei não, sei não...
Nesse mundo de tensão
Como estão nossos irmãos
Com sede, com fome, sonhando
E no bolso, nenhum tostão?
DEPOIMENTO
Meu nome é Valdemira
Naturalidade Cuxixola
Nacionalidade brasileira
Creio-me em pedras de fogo
Hoje me escondo nessa favela
Só tenho essa calça e essa blusa
O meu chinelo está furado
Hoje ainda não comi nada
Sozinha dentro desse barraco
Sinto medo, estou acuada
Quero trabalhar numa boa
Namorar e me casar numa igreja
Ter filhos como a minha mãe
Peço a Deus que me defenda
Não quero ser prostituta
Nem uma escrava violentada
Meu endereço é Largo do Boiadeiro s/n
Favela da Rocinha, Rio de Janeiro
Estou pedindo ajuda
A todo povo brasileiro.
REBELDE NATURAL
Você que têm onde morar,
O que comer, o que beber
Todo o dia, toda a noite,
Mas acha que os outros
Passam necessidades porque querem.
Você fala assim:
Eu estou bem, tenho tudo,
O resto que se dane, que se vire,
Minha barriga está cheia, não ligo para ninguém.
De qualquer maneira digo:
Não posso julga-la,
Nem julgar ninguém.
Certas pessoas não procuram
Um jeito para ajeitar-se
Ou melhorar o seu jeito,
Sua maneira de viver.
Não posso evitar tudo o que acontece,
Nem tenho o direito de lhe proibir.
Você é um vulcão,
Mas eu respeito muito a vida.
Pode me achar um bobo,
Pode me achar um louco,
Mas como já disse John Lennom,
Não sou o único desse mundo.
Sou um rebelde natural,
Garanto a quem quiser acreditar.;
Jamais morrerei de braços cruzados.
Tentarei viver livre com todos,
Até ao fim de mim ou fim de tudo.
Claro que não quero que isso aconteça.
Amo o Planeta Terra e adoro
A beleza universal dos cosmos.
MEDOS ATÔMICOS
Todo cosmos está gritando verde
Pedindo a todos os seres do mundo
Principalmente à espécie humana
Para nunca fazer a vida parecer.
Pede com amor paz e ternura
Para nós preservarmos a vida com saúde.
Para quem gosta de deliciar
Toda beleza das flores
A ternura das crianças
As mulheres, fontes cheias de amores
Acha difícil acreditar
E ver o próprio ser humano
Projetando o fim de toda a vida
Tudo com a maior violência
Esses seres humanos-desumanos
Que só sabem fazer guerra
Parecem loucos já mortos
Não têm nenhuma sensibilidade
Nem amam, suas mães
Suas mulheres, seus camaradas
Fazem a vida simples virar uma coisa bélica
Pouco ligam para suas amantes.
São homens que envenenam os alimentos
Que alimentam nossas vidas
Eles destroem a natureza
Geram tragédias ecológicas na terra
Esquecem-se que todos dependemos dela
Explodem bombas em Mororôa e Nevada
Estão matando tanta beleza.
Vocês todos devem ouvir o cosmos
Ouçam a vida natural dos seus corpos
Parem de estalarem no mundo
Tantos medos atômicos
Enfim porque não vivemos todos unidos?
Compartilhando toda a vida e amando.
MANIFESTO NÃO ME CULPES
Olhe o desespero e a lágrima
Contida nos olhos da multidão
Ouça o choro e o grito abafado
No peito do cidadão
Olhe o assaltante em sua frente
E o cano do revólver em seu coração
Olhe o espelho pendurado na parede
Veja se nele está refletida toda nua
A imagem do trabalhador abandonado
Cansado, vivendo na maior miséria
Andando por aí cheio de fome e razão
Olhe a aparência miserável da criança
Que com o olhar de súplica lhe estende a mão
Olhe com humildade para dentro de si mesmo
Analise, pense e medite sobre os fatos
Se não encontrares resposta, as próprias imagens
Da realidade lhes responderão com exatidão
Não me culpes por minha desprezível situação
Não me culpes por ser a imagem daquilo
Que não merecia ter essa grande Nação
Não me culpes por ser o que sou, nem por suas
Preocupações se perderem na vastidão
Não me culpes por ser um bóia-fria
Vítima da pobreza feia e violenta
Que assola os povos do terceiro mundo
Não me culpes por eu não gostar
De nenhuma ditadura
Não me culpes por esse manifesto, não me culpes
E por estar aqui na terra vendo tudo sem liberdade
Não censures meu protesto contra a fome do mundo
Perdoe-me, não quero isso acontecendo
Com nenhum povo ou com ninguém
P.S: Não me culpes pelas cores das bandeiras
Enfim obrigado por nada.
DÚVIDAS MINHAS
Estar vivo agora, talvez não pudesse...
As coisas acontecem com tanta rapidez e precisão,
Que a todos nós surpreendem, dentro e fora do tempo.
São senas de vidas tão tristes
Que só basta ter um pouco de humildade
Para ficar triste também.
Quem meditar um minuto diante do espelho, pode ver
A imagem refletida desse mundo tão disputado
Que já ficou doente demais.
Foram os nossos males maléficos
Que o contaminaram e sangraram demais.
Assim, todos nós, pobres mortos vivos,
Estamos colocando veneno na fonte da vida
Indo além das fronteiras do permitido
Segundo as leis divinas
Escritas pelas mãos dos discípulos de Deus.
Nas faces dos nossos irmãos é visível o desespero,
A fome aumenta a cada momento, esmagadoramente,
Com seus tentáculos a se alastrarem ameaçadoramente por sobre a terra.
Todos os estômagos reclamam, pois estão morrendo vazios
E os homens inteligentes não perdem tempo com essas preocupações.
Preocupam-se em criar armas cada vez mais mortíferas,
Para dizimar vidas e envenenar seus próprios alimentos
Necessários a suas sobrevivências no Planeta Terra
Lágrimas secas rolam na face dessa sofrida população
Que, mesmo sentindo seu corpo sangrando,
Espera que o liquido, de gota em gota,
IRRTIGUE O CHÃO DESSE MUNDO DESUMANO.
S.O.S PLANETA TERRA
Meu grito verde é a vida natural
É o mesmo da baleia azul e da cigarra
Urgente pedimos socorro a todos
Vejam logo a vida no mundo geral
Com fome doente e vigiada por perigos armados
Então, ame, lute, evite o apocalipse agora.
S.O.S geral aos que amam e vida
Vamos fazer alguma coisa agora
É perigoso deixar tudo para depois
Entregam tanta responsabilidade
Somente a Deus e a Natureza
Isto é fugir dos problemas, ficar omisso a tudo
O futuro vivo para a vida depende de nós.
Vamos agir juntos pela água.
Ajudar aos que estão lutando pela ecologia
A integridade nossa e a todos os animais
Aos que estão tentando combater a fome
E pedindo paz sem violência, com igualdade.
S.O.S aos que sentem amor dando amor
Salve todos que dedicam as suas vidas
Ao mundo lindo e inocente das crianças
Aos que zelam e adoram a beleza natural
A todos que sabem manter livremente
Nossos corpos saudáveis com saúde.
S.O.S várias vezes aos que podem ajudar
Esse belo mundo a melhorar
Viva os que dão semente, terra e liberdade
Aos que ensinam o povo a viver uma vida melhor
E colher sem estragar os frutos
Da terra e do mar,
Aos que estudam, inventam e fazem
Com o seu trabalho, métodos para melhorar
O nível de vida de todos nós, nesse mundo carente
De solidariedade, aos ateus, católicos, espíritas,
Aos soldados, guerrilheiros, índios, camicazes e xiitas.
E pela vida que pedimos a todos: não abusem
Do meio ambiente e nem deprede a Mãe-Natureza
Ela e fonte de toda beleza.
S.O.S enfim a você que sente por todos nós
O amor pela vida nas cidades
Nos campos e nos espaços siderais
As donas de casa, a todas as pessoas
De boa vontade, amantes simples e naturais
Porque esse apelo verde se destina a todos nós.
MENINA MÁRCIA
No mundo de crimes desconhecidos
Eles foram atingidos tão rapidamente.
Sem saberem, partiram cedo demais,
Falaram tanto em coisas do destino.
Será que foram mesmos chamados?
Fique sabendo em plena madrugada
A noticia triste do morro da mangueira.
Cobriu de luto a alegria da batucada
Jorge, Sérgio e a menina Márcia.
Tombaram sem vida na chamada guerra
Das balas perdidas aqui na Terra.
Mas todos os dias ouvimos dizer:
Isso é a vida? A vida é assim mesmo
Digo isso não me conforma jamais.
Vejo essas tragédias sociais
Acontecendo em toda parte do mundo.
A indiferença humana é grande demais.
Pare, para pensar, como foi triste
Todos como a menina Márcia morreram inocentes.
Ela ainda comia, feliz, uma fraca merenda,
Quando uma bala assassina disparada
Nela penetrou violentamente.
Antes disso, nas mesas da escola,
A merenda era servida com muita alegria,
Animava Márcia e o resto da turma,
Para um novo amanhã na favela.
Como sou uma antena humana ligada
Essa bala perdida também me acertou na cabeça
Já é manhã estou ouvindo a passarinhada
Esse acontecimento violento no Rio de Janeiro
Me fez perder Hoje no rádio a aula do camarada Aldeson.
Mas a violência drogada do sistema assassino
Manchou com sangue inocente de uma menina
A consciência sofrida do povo mangueirense.
Da gente.
CAMARADA EL VERME
Irmão distante, camarada El Verme,
Você deve estar solto, e, portanto,
Tenho uma viva esperança, em mim,
Que antes de terminar esse exílio,
Aqui no nordeste, aqui na Paraíba querida,
Me chegue pelo menos uma carta grande de ter,
Pelo menos um pasquim da periferia.
Desde que cheguei aqui, escrevo para meus irmãos aí.
E aguardo noticias dos meus irmão vivos daí,
De você, principalmente, embora saiba da sua falta de tempo.
E de outras desculpas, pra você criar motivos
Nem as suas desculpas alcoolizadas,
Pois uma simples carta, não toma todo o tempo
De um operário bóia-fria a brasileira,
A não ser que você, irmão terrestre,
Esteja ocupando algum cargo de alta relevância.
Neste sujo cenário político nacional,
E isso tenha feito você se esquecer dos seus semelhantes pobres.
Como faz em todos falsos humanos que praticam politicagem.
É por coisas parecidas que eu quero ter noticias de você.
Não me leva a mal, por eu continuar renitente.
É que não sei ser outra pessoa diferente
Dentro do nosso território de amizade
Entenda as minhas palavras sem o niño cartismo da Isto É,
Espero que você não sinta cisma nenhuma
E se usar alguma coisa material ou espiritual,
Só se for no campo sagrado da compreensão.
No mais estou com saúde e com a cachola tranqüila
Apesar da morte do nosso irmão Manoel.
Não sei nem se deu tempo dele cumprir a sua missão.
Em plena seca, ele morreu afogado em Soledade.
Porque ninguém pôde fazer nada para evitar.
Sim, mamãe e papai estão tristes por terem perdido mais um filho
Eles enviam secas lembranças da caatinga.
As meninas, Corra, Dora, Dapaz e Julia Preta
Pedem a você pra vir aqui pintar retrato de jumento,
A mana Dapaz e camarada Valdomiro Vaqueiro
Lhe convidam para o casamento de ambos no mundo,
Que vai ser carimbado pelo padre Pai-Dégua no dia 16/12/79.
Agora termina a carta El Vermes, vou lá nas grotas
Ouvir a Graúna de Henfil e a política da Paraíba.
AMÉRICA LATINA
Toda América Latina continua escrava
Em todos os recantos desse continente
São tristes as cenas da vida
Tirando os avanços sociais de Cuba menina
Homens, mulheres, crianças e bichos
Estão sendo explorados na América Latina
Filhos dessa terra migram todos os dias
Pelo mundo são vistos maltrapilhos
Mendigando e vendendo suas vidas
Para mega-exploradores da América Latina.
Acontece de tudo nesse continente
Exceto uma democracia socialista coletiva
Desde que Colombo e Cabral invadiram essa região
Que começou a violência desumana
Ditaduras, corrupções começaram a destruição
Mataram os índios, suas culturas lindas e milenares
Hoje no lugar das imensas florestas tropicais
Vemos desertos, favelas e fábricas espalhando poluição
Gerando doenças e vícios para os trabalhadores
E milhões de dólares para os donos das multinacionais.
Infelizmente aqui na América Latina
Como em outras partes da Terra
Prospera mais a rica indústria da guerra
Existem milhares de religiões
A fé de pessoas simples do povo
Continua sendo um negócio rendoso sendo explorado
Por falsos pastores e espertalhões
Que usam o sagrado nome de Deus
Para ganhar dinheiro e terem suntuosas mansões
Enquanto a maioria de seus escravos fiéis
Vivem no inferno social rodeado por misérias.
Comentarios
silvio - 22/02/2019
EXCELENTE OBRA DO SAUDOSO E AMIGO XINAIBA, , com o qual tive o prazer de conversar embora poucas vezes, mas de perceber a sua inconformidade ante ao sistema governante , e as desigualdades, fica o sentimento de gratidão, e também o quanto da obra de ANTONIO XINAIBA, nos enriquece de informações úteis, e o lamento de sua súbita partida e o quanto mais ainda poderia produzir com sua criatividade poética e o senso pró ecológico e social .