Há uma agonia no corpo, uma visão, um desespero, uma luz no esgoto.; uma fome oculta... Uma fome, enquanto dorme a noite, sob alaridos comportados, nascidos, solidões dos vividos.
Não consigo centrar a cabeça no sono. E desvairado pertubo as horas feito péndulo sem rumo...
Nada a pensar , nada a fazer, pois não há lugar quieto na casa. É uma dor, residuos de um passado, fel do estado, ainda que as flores desabrochem no quintal e a chuva descanse no telhado, ainda que os pássaros versem-as ladeados do sol ou de uma simples gota de orvalho.
Já não há céu. E desse inferno preciso me agasalhar no colo do quarto, e chorar, chorar, chorar se preciso for, pois o amargo do peito acalentará.
É fácil dizer que não foi por mal, se quer carregar a cruz do alheio. É fácil resolver chorando ou assentar-se à beira do caimho e sonhar com um amanhã lindo quando os braços precisam mesmo, é fortalecer o castelo, entre suor, calos rasgados, mãos, barros e ferros.
No momento o sinal está fechado, e tenho que assistir... Assistir o mundo ruir sobre a minha cabeça, as chamas consumir o meu corpo, essas feridas entorpecerem os meus olhos, fazer de conta que está tudo bem, obedecer ao cansaço, concordar com essa miséria. E só orando a Deus com a alma penada, pensar num bem que se imagine um só, que venha a esse pecador, não como pecado.