LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->Questionada Vida -- 12/09/2002 - 20:23 (MICHEL ROSENBLAT) |
|
|
| |
Por que me trais?
Por que me desprezas?
Não tenho eu a liberdade?
Não tenho eu as amizades?
Não são elas boas companhias?
Não são todos que eu queria?
Quando tocas danço
Quando folgas avanço
Se me queres, eis-me aqui
Se me enlouqueces, me perdi
Se queres aventura te rapto
Se me trocas, me adapto
Se vens, te recebo
Se me dás de beber, eu bebo
Se me masculina eu amo
Se perco não reclamo
Meus lábios de marrom, maçã ou água
Anseiam beijos de boca molhada
Cubro-me de ébano, mogno e cerejeira
Com o afã de ser candeia
Dispenso as gordas roupas
Transparecendo as curvas loucas
Se o bloco sai à rua,
me fantasio fico nua,
Com o estandarte de metal à frente
Cedo para aflição o meu ventre
Minha fronte de peroba
Aos outros tudo esnoba
Epicuro me acompanha
Mas no íntimo sou-lhe estranha
Não era isto o que eu sonhava
Onde está o príncipe que me acompanhava
Em minhas noites de princesa
Num palácio de arquitetura francesa
Bajulada por duques e duquesas
Entre outros nobres em farta mesa
Todos os quartos e salas iluminadas
Com a alvura de imaculadas fadas
Queria deitar e sentir calor
Queria pintar e ter valor
Em tudo...
Onde é que errei?
Por que me envolvo só,
Nas minhas rendas de filó?
Nas noites não me deleito e choro.;
Não vivo com quem adoro.;
Sou alvo fácil das ácidas línguas.;
Do amor oculto expresso em mínguas
Nos meus olhos cascateiam as águas
Dum coração que vive em mágoas
Sem entender hoje o que sou
Sem saber amanhã para onde vou
Agora só me norteio pelo unigênito
Na amargura o meu ungüento
Ele me estaca ao chão
Não me deixas caminhar sem mão
Meu cúmplice até sua liberdade
Quando voará rumo à saudade
Michel Rosenblat – 02/03/99 12h00
|
|