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Poesias-->teus olhos -- 19/09/2002 - 15:39 (José Eduardo Mendonça) |
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Eu não quero escrever em louvor de teus olhos
um poema antigo como Olavo Bilac,
com seus brocados, adjetivos arrancados de estantes,
a poeira e a pátina das coisas que o tempo nelas deposita.
Eu não quero fazer versos que digam de seu sorriso
com imagens encarquilhadas de redondilhas exatas.
Eu também quero a poesia feita do fluxo,
eu quero a naturalidade de tudo que pulsa.
……….
Como seixos que arredondam com o tempo e apenas com o tempo.
Como o tronco que deu à praia apenas porque deu à praia
e por isso o desfruto e o acho belo
e o levo a morar em meu quintal.
Como gestos que não são nada para além deles mesmos.
Como mãos que deslizam pelas costas de um gato que veio à porta e ronrona
e assim tratamos os gatos que vem à porta e ronronam.
Como chove a chuva e a tudo molha
e a tudo faz brilhar em seus reflexos.
Como as nuvens sugerem formas que se esvanecem quando deixo a imaginação solta como criança na praia.
Como sempre me surpreendo.
……….
Como sempre você me surpreende
com teus olhos frescos
como o orvalho da manhã
(como diria Olavo Bilac).
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