Correm os carros, azuis, verdes, amarelos, brancos... E dentre tantos o bege.
São tantos freios bruscos,
São tantos anseios,
É tanta pressa louca,
São tantas agonias sem consciência a seguir uma trilha.
Acende o sinal sob a pista pintada...
Pare dis a placa,
A faixa,
A realidade, que afasta o sonho do quintal.
Buzinas,
Alertas,
Placas, refreiam, refujam...
E aquele desespero segue ultrapassado, ultrapassando sem responsabilidade.
Indo a algum lugar, pois todos tem onde morar.
Segue as horas a dizer qualquer coisa, mas ninguém muda. Seja dia ou noite a velocidade é a mesma. E há crianças a beira da calçada, correndo pela frente do ônibus, atravessando a rua sem parar.
A esquerda diz o pisca alerta, ele entra pra direita, a direita diz o pisca alerta, e ele entra pra esquerda.
Tantas e tantas rodas, sem parar.
Gente morrendo devagar,
Gente que agoniza ou fica alejada.
Acendem as luzes, avançam sinais, matam sem parar,
Matam sem parar.
Mas o carro não anda sem as mãos humanas,
É o carro não anda sozinho.
E o silêncio da rua é rompido pela velocidade irresponsavel do homem, que atropela o seu homem e assiste a tudo de onde estar, dizendo que o culpado ainda vai chegar, enquanto alguém geme a dor que podia se evitar.