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| Poesias-->Carta aos que ficam -- 21/09/2002 - 22:34 (Paula Crisóstomo Johnston) |
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Vou,
no por um propósito qualquer,
nem por me faltarem expectativas,
nem por mera fuga ou omissão,
vou para não mais querer ir,
para saciar este porvir que nunca vem,
para por fim a esta incessante certeza,
de que tenho que ir.
Não por me faltar conteúdo,
contudo, por me parecer vão,
o presente não me pode prever,
o que além do ir, o futuro me trará.
Mas vou com uma certeza,
de que foi bom ter ido,
pois se não partir,
acabo por destruir
o que me constrói,
e nada sobrará, se assim for.
Por te preservar, é que me vou,
talvez pudesse ter sido diferente,
mas não vou puder ficar para ver.
O que tenho para ti,
é o que tem o porvir,
beijos e saudades de mim.
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