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Poesias-->CORAÇÃO ALEIJADO -- 14/10/2002 - 17:48 (ALEXANDRE FAGUNDES) |
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CORAÇÃO ALEIJADO
Perdi Maria e a fome
Perdi o sono e o livro
Perdi a carteira e o emprego
Perdi o leme e o mapa
Perdi o jeito com o mundo
Perdi o endereço da vida
E esta vida não me dá trégua
Me faz perder o ônibus e as chaves
Me faz perder a hora e as senhas
Faz-me esquecer endereços e telefones
Me faz de bobo, de louco, de bêbado
E, se me faço de morto, não a engano
Sozinho no sereno, perdi a saúde
Devendo sem pagar, perdi a vergonha
Temendo até as sombras, perdi a coragem
Correndo sem rumo, perdi o fôlego
Perdi quase tudo de quase nada que eu tinha
Dei novo sentido à miséria
Então, sigo leve, sem carga
Então, sigo quieto, sem causa
Então, sigo doente, sem alma
Sigo cego, mudo, surdo, mancando
Meu coração segue aleijado
Sigo o que já não enxergo
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LEIA TAMBÉM AS POESIAS "ROTA DE FUGA", "O AUTOCIDA" E "DEVOÇÃO", DO AUTOR ALEXANDRE FAGUNDES
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