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| Poesias-->NÃO HÁ AQUI MAIS CORTEZIA? -- 26/10/2002 - 23:14 (COELHO DE MORAES) |
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NÃO HÁ AQUI MAIS CORTEZIA?
-Coelho De Moraes-
Vida quotidiana
Uma culpa na ofensa
e na crença
Um crê que ofendeu
O outro se crê ofendido
Os dois podem estar errados
mas o teatro é grego
e a rua se enche de testemunhas
estação-quadro-vagões
uma corrida ao guichê
fumaça-escadas-maletas
outra corrida e não se consegue chegar
Quanta gente descompromissada!
Não se vê nada, nem placas ou homens com sinetes
Não se enxerga a frente do comboio
Só o barulho é vida
Romper o ser devoto traz descortesia
A independência traz em si
um acordo indecoroso
quase obsceno
Ser cortês é servilismo cabal
e há uma culpa por ser forte
e o mundo, que se jogará a seus pés
é o resto de uma rapsódia mal compreendida
no entanto, não há culpa na dor
nem há dor em ser culpado
são quimeras de uma contemporaneidade absorta
de uma inocência intempestiva, sempre adiada
A falsificação de uma paixão
Mesmo quando nossas mãos estão juntas
E o ar entre os lábios
é o último suspiro antes da mordida
Nem quero saber dessas coisas que doem
Não estou aqui para isso
Estou negando as culpas e suas resultantes
Sou um desses heróis inocentes
que não podem ser culpados
Se a biologia funciona como é
estou aqui para penetrar em âmagos
de cabeça e tudo mais
persuadido de que para um bom fim de tortura
só as carnuras fundamentais
de nádegas cadenciadas
fortes e prontas para o rompimento de um tabu
Curva tua cabeça em cortesia
Toca os pés com as mãos
Abre bem as pernas
e deixa que eu penetre mais fundo
com todo o respeito e mesuras
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