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Poesias-->O Dono do Botequim -- 18/07/2000 - 22:37 (Lílian Maial) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O DONO DO BOTEQUIM

Lílian Maial





Cedo, bem cedo, com o céu ainda escuro,

O homem do botequim abre a sua porta.

Já encontra todo dia, encostado ao muro,

O compadre a ler jornal, enquanto aguarda.





Chegam, um a um, empregados sonolentos

p ra arrumar tudo e o café bem depressinha.

É quando chega o jornaleiro barulhento

Contando os furos, ao sorver a "branquinha".





E o dono do botequim varre a calçada,

Como quem varre toda a sujeira do mundo.

E só pára um pouco pra dar uma olhada

Na bela morena de olhar profundo.





Em seu passo, de caminhar apressado

A bela moça todo dia lhe sorri

Trazendo o sol, seu velho aliado,

Nos dentes mais brancos e lindos por ali.





Entra o porteiro ali do prédio ao lado,

Um fofoqueiro, a contar as novidades.

Enquanto bebe seu cafezinho pingado,

Vai tirando, das vizinhas, castidade.





E o bar cheio de homens e destinos,

Vê passar a mulata rebolante.

E dos velhos, adultos e meninos,

Ouve sempre impropérios aviltantes.





Na menção à sua carne opulenta

Falam, berram ou sussurram elogios

Ao invés de fazer-se de nojenta.

Continua a passar, fêmea no cio.





Passam os meninos do Colégio Militar,

Cabelos tosados, sonhos tesudos, recos.

Empertigados, no uniforme exemplar,

Mas com a fome de adolescentes eretos.





E o dono do boteco em sua postura

Vendo a senhora tão torta e sombria,

Por trás do balcão, acena a vida dura,

Quem sabe indo para a fisioterapia?



Vê a mamãe garbosa e seu rebento

Recebendo os primos raios da alvorada,

E sorrindo de puro contentamento,

Pode apostar naquela fralda molhada.



O motorista de ônibus e o cobrador,

Falam de assalto e estupro ali na porta,

Iniciando a conversa de horror.

Sobre a "overdose" que acabou com a moça morta.





Sai rapidinho a média, pão e manteiga.

De tudo se comenta naquele botequim,

Sabe da nova moda, da nova seita?

E da feliz esposa do Joaquim?





Dizem que ela sai de saia justa,

Encontrar o garotão, fera robusta,

Isso um dia ainda acaba em morte,

Ou talvez separação, com alguma sorte.





E o dia flui, se repetindo, sem fim,

Para aqueles que dali já fazem parte.

Figura eterna - o dono do botequim,

Que serve pão, café, pinga e verdade.





Lílian Maial - 15/02/00.
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