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Poesias-->CHUMBO GROSSO -- 19/07/2000 - 18:11 (Lílian Maial) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fui mortalmente atingida em combate

Pelo projétil incandescente de suas pupilas.

Seu olhar penetrou-me em estilhaços,

Feito granada, arrancando suspiros

De um coração agonizante de prazer.

A rajada de carícias que se seguiram,

Sem piedade ante o corpo estendido,

Causaram profundas lacerações,

Com conseqüentes gemidos e desfalecimentos.

Suas mãos, armas brancas, de pontas afiadas,

Sabiam exatamente onde alcançar

E teimavam em torturar em delírios

A sensibilidade íntima de uma fêmea abatida.

Sua boca, potente detonador de uma explosão

De gritos, grunhidos e estranhos sons,

Utilizava a munição da língua

Como tática de enfraquecimento do adversário,

Que não reagia, senão em contorções serpiginosas,

Sucumbindo ante à entrega total e orgástica.

E o míssil, ah, esse poder bélico,

De dimensões incalculáveis,

De precisão cirúrgica,

De visão noturna,

E traçante do meu amor,

Avança incontinente pelo território,

Numa busca térmica inesgotável

De suores e atritos

Até atingir o alvo.

E nessa guerra de corpos

De homem e mulher

Nesse encontro de lutas,

De estratégias e posições,

De avanços e recuos,

De conflitos, tréguas, armistícios,

É onde se faz o melhor comércio,

O mercado negro de deleites,

O contrabando de provocações,

Sem que se consiga encontrar os bandidos,

Sem que se queira ceder terreno,

Sem que se renda ao cansaço e ao sono,

Porque ainda vem mais chumbo grosso.



Lílian Maial - 12/04/00
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