Neste copo que hoje bebo
O conteudo da morte certa,
E´ diferente do que recebo
Pelas aguas e vidas incertas.
Agua: bebida de Deus.
Vinho: bebida de Jesus,
Este transformou aos olhos meus,
Agua em vinho sob a luz.
E eu com meu copo de cachaça,
Ainda almejo viver feliz,
Como na cova a linhaça
Deseja viver como aprendiz.
O etilico confunde a cabeça
Do poeta sempre desconhecido,
Mas, hoje plagiado `a beça,
No monturo do inapetecido.
Este copo de pinga epico
E´ o nepente do poeta,
Cujos versos esteticos
Nao encontraram seu profeta.
Nem na multidao,
Nem na sagrada escritura.
Foi levado de roldao
Pelos boçais da literatura.
Porem, meus versos estao em bares,
Nos cadernos das estudantes.
Estao vivos em muitos lares,
Que reconheceram versos amantes.
Nao o amor falso da televisao,
Ou a pseudo sexologia
dos apedeutas de plantao,
A invadir os lares todos os dias.
Meus versos tem amor latente.
Tem conteudo platoniano,
Porque e´ retirado ainda quente
De meu coraçao sempre humano.
O lado pobre da cidade
Conhece os meus pobres versos,
Ricos de rima e sem idade
Para homens dos universos.
Meu nome finalmente
Sera´ colocado numa sepultura,
Como o poeta que nao mente,
Mas faz ironia da cultura.
E o copo de pinga
Vai esperar por mim.;
O alcool nao respinga
Nos versos e em meu fim.
Todos irao do bar,
Ficara´ a lembrança ilesa.
Todos partirao do lar,
Ficara´ o copo na mesa.
30.agosto.2001
do livro "Bar, Cachaça e Poesia"
(Jeovah de Moura Nunes)
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