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| Poesias-->Silêncio Interior -- 08/12/2002 - 00:39 (Daniel Naufal) |
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Aos passantes na rua eu peço silêncio
silêncio nas solas dos sapatos
silêncio a quem hoje sair para caminhar
silêncio no apito do vigia
que esta noite não passe em frente à casa minha
esqueçamos daquele ruído constante
que brota do ventre da noite
e não cessa até o dia clarear.
A máquina do mundo hoje está quebrada
e não haverá barulho que a desperte
e não haverá invenção que a conserte
e não haverá palavra de ordem ou desordem
que possa obrigá-la de novo a funcionar
daqui por diante
só haverá silêncio no mundo
e nossos ouvidos guardarão esse segredo absurdo
daqui por diante
só haverá silêncio em todo e qualquer lugar.
De todas as formas possíveis
só darei ouvidos
ao silêncio que eu puder criar
quem sabe, ouvir dos mudos o grito
e aos surdos poder-lhes falar,
ou talvez ficar por um instante
sem ouvir minha consciência dizer
que todo esse silêncio é fruto
das perguntas que eu não soube ou não quis responder.
Mas o que farei eu, com meu coração ruidoso,
num mundo assim, de todo silencioso?
Deixarei ele tocar feito um sino
feito bomba-relógio
pêndulo
sei lá...
Mas antes que meu coração também emudeça
sentirei sua dolorosa presença
respirando, vivendo, pulsando
enfim...
preenchendo o vazio que,
eu sei,
deixei ganhar espaço
dentro de mim.
Daniel Naufal
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