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Poesias-->QUASE DEMÔNIO... -- 19/12/2002 - 17:51 (ALEXANDRE FAGUNDES) |
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QUASE DEMÔNIO
De todas as desgraças da vida
De todas as infâmias do destino
De todos os pregos sobre os quais pisei
De todas as mentiras nas quais acreditei
De todas os vômitos sobre os quais pousei a mão
De todas as bofetadas que minha face já aparou
De todas as cusparadas que me atingiram
Essa, sem dúvida é a mais aviltante:
Amar você e não merecer teu mais vulgar sentimento
Sou, para você, alguém a quem se diz bom dia
Alguém para quem não se comenta sobre as férias
Alguém com quem se fala sobre meteorologia
Alguém para quem acena-se a cabeça no corredor
Para quem não compensa um sorriso mais largo
Para quem não se justifica o abraço mais frouxo
Para quem não se dá o telefonema mais fútil
Para quem não se dá ouvidos
Sou, enfim, alguém para quem não se mostra a alma
E, sendo assim, menos que desprezível
E, sendo assim, menos que um vulto
E, sendo assim, menos que um nome
Sigo frio, frustrado
Sigo triste, noturno
Sigo o ódio, flor da revolta
Sou um perigo para você
Como comida para quem está farto
Como remédio para quem está são
Como qualquer criança frustrada
Como qualquer cachorro chutado
Como qualquer padre que se masturba
Não é só porque a amo que a preservarei
(Já comecei a difamá-la)
Não é só porque a quero que lhe desejo o bem
(Já sonhei tua morte)
Não é só porque sejas inocente que não a culpo
(julgo-te culpada por essa lama entre meus versos)
Então, se não te entregarás, foges
Então, se não te despirás, disfarça-te o quanto possas
Se não me levarás contigo, parte logo, antes do sol!
Por Deus, ouve-me enquanto me resta amor
Por Deus, salva tua pele dos meus olhos incendiários
Por Deus, não vês que, sendo homem,
sou quase demônio?
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SE VOC6E GOSTOU DESTA POESIA, LEIA "O AUTOCIDA", "INFERNO EM MIM" E "EXÍLIO EM CARNES PAGAS", DO AUTOR ALEXANDRE FAGUNDES
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