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Poesias-->Cem mil linhas -- 01/08/2000 - 16:20 (Eduardo Coleone) |
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Estou farto.
Não só do lirismo comedido,
mas do todo poético, da tola palavra.
Rasgaria, hoje, até duas epopéias mortas no fundo da gaveta,
rasgaria minhas melhores poesias (se as tivesse feito).
Minhas mãos insistem em não obedecer os meus sinais,
e, sem mais, põe-se a escrever como duas loucas,
duas desvairadas doidivanas,
como se pudessem contornar a situação com seu contorno, sua ação.
O amor no papel é jogado fora.; e é muito, e é quanto!
No entanto, lá fora não se ama mais nem menos que aqui
e o tempo é apenas um ponto de vista do relógio,
outra frase roubada ou emprestada dá na mesma.
A destreza do poeta é sem pressa e sem préstimo,
o sonho de soar em todos não alcança o seu alvo,
não desfila sua significação, e a canção, entoada em linhas
se perde em nossas gavetas, em nosso íntimo podre de poeta.
Sentir no papel é esbanjar, é um solitário jantar,
se impor no papel é pouco,
é parco pra quem sonha mudar (e quem sonha mudar?),
sentir no papel é ridículo e vazio,
é carrasco, frio, matando relações,
é guerra que se perde sozinho,
pois nem se conhece o perigo,
e encontra, no fim do caminho,
apenas o adeus do inimigo.
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