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| Poesias-->Desvario -- 21/12/2002 - 21:28 (Luiz Alberto de Andrade) |
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Às vezes eu tenho grande vontade de escrever,
Mas nunca tenho animo quando estou inspirado,
E quando estou animado não tenho inspiração,
Sou um bicho estranho que escreve versos ruins e sem coerência,
Eu vejo os grandes escritores e fico me perguntando,
Como será que eles conseguiram ser grandes?
Eu vejo grandes em todas as coisas que já fiz,
Mas nunca consegui chegar a lugar algum,
Talvez porque eu sempre desista das coisas,
Tudo que já fiz perdeu a graça,
Por mais que as coisas sejam do meu jeito,
Largo tudo,
Mania horrível esta a minha,
Acho que não vou deixar de escrever tão cedo,
Pois escrever é a única coisa que nunca faço como quero,
Embora ninguém ligue para meus escritos,
Eu continuo escrevendo por ser chato,
Por não ter o que fazer,
Por que quando escrevo vejo esperança no inesperado,
Ou talvez esperado,
Não sei,
Mas de qualquer jeito continuo a escrever,
Quem sabe algum louco desvairado goste de minhas escritas,
O que não é difícil de acontecer,
No mundo só há loucos,
Todos se dizem sãos e equilibrados,
Mas estão sempre a falar sozinhos,
A fazer caretas e outras maluquices de gente normal,
Hoje em dia quem não é doido?
Se disser que não é,
Além de doido é mentiroso,
Ou muito doido mesmo,
Eu admito que tenho minhas loucuras,
Saio pulando pela casa como um grilo bêbado,
Coisas normais,
Quem nunca fez coisas do tipo?
Pois é,
Aqui ta um calor dos diabos,
Se você me ver nu na janela não me chame de doido,
Doido é ficar enroupado debaixo desse sol escaldante,
Agora é melhor eu parar de escrever antes que eu fique doido também,
Pois não sou doido,
Sou pensativo,
E penso tanto e de tal forma,
Que se ao invés de pensar eu escreve-se,
Talvez não chegasse a ser um grande poeta,
Mas seria o de mais poemas,
Seria um livro de capa mal feita.
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