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Poesias-->CÁLICE -- 02/08/2000 - 20:55 (LUIZ CARLOS LEMOS)
CÁLICE (Paródia da música “Cálice” de Chico Buarque de Hollanda, sobre o PAI- Programa de Aposentadoria Incentivada - em fase de estudos para implantação no Banco do Brasil, onde trabalha o autor) Pai, Afasta de mim esse cálice. Afasta de mim esse cálice, Afasta de mim esse cálice... Já dei demais o meu sangue. Há muito tempo que estou no Banco Estou sonhando em me aposentar Desculpe, gente, mas para ser franco, Eu merecia agora descansar. É tanta coisa, estou ficando louco, Falta tão pouco para a explosão. No fim do mês é o mesmo sufoco Falta dinheiro para a prestação.... Pai...... Chega o cliente e reclama, certo... Bem perto o chefe reclama também. Eu digo "amém" porque eu sou esperto Mesmo porque, vou reclamar pra quem? E calo a boca e sigo trabalhando Vou esperando um dia que não vem E tanta gente já tá descansando Eu só queria aposentar também.... Pai.... São vinte e cinco anos de labuta E dessa luta eu já me cansei Queria agora ser filho da... outra ...realidade, que sempre sonhei. Sonhei com meu fundo de garantia E a alegria de um dia ser Dono do tempo, pra viver com calma lavar a alma... isso é que é viver. Pai.... Por isso eu peço encarecidamente, Senhor Gerente, não vá me faltar. O Pai chegando, o senhor não esqueça O senhor desça, venha me avisar... E esse dia vai entrar pra História Vai ser a Glória, vou comemorar. Vou dar uma festa até de manhã cedo Não tenha medo, vou te convidar.... Pai.... Se o PAI da terra ainda não me valeu, O Pai do Céu, talvez, seja por mim. Por isso peço, me aposenta, Deus, Pro sofrimento então chegar ao fim... Que o fim de tudo seja bom pra todos Quem quiser, fique, e que trabalhe mais. A Deus eu peço: -me aposenta logo!... Pra que eu possa, enfim, viver em paz!... Pai.... Afasta de mim esse cálice Afasta de mim esse cálice, Afasta de mim esse cálice... Já dei demais o meu sangue!