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Poesias-->MEU POEMA -- 26/12/2002 - 16:02 (BRUNO CALIL FONSECA) |
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MEU POEMA
Meu poema não sai do papel,
Não tem vida.
Meu poema se limita
A um painel
De simples linhas.
Meu poema não é molhado
Comé o mar celebrado
Pelo grande Camões.
Meu poema não soa
O burburinho de vozes que ecoa
Nos fulminantes versos de Gullar.
Meu poema não sopra ar,
Não tem mar,
Nem sonhar,
Nem cantar.
Meu poema não tem árvores.
E, se algo disto
Cá encontrares,
Não te empolgues,
Pois são só signos.
Meu poema não tem pássaros,
E, cá se encontrá-los,
Não os verás em assobios,
Pois são só signos.
Meu poema não tem mulheres,
Conforme queres,
Só as tem em signos.
Meu poema é como
A lâmpada sem lume,
O vidro de perfume
Sem o próprio perfume
E ainda a lâmpada
E o vidro de perfume
São aqui somente só signos.
Meu poema me transforma
Num punhado de signos.
Meu poema...
Meu poema...
Que merda é meu poema?
Meu poema é uma arena,
Toda armada,
Arquitetosa e arquitetada,
Meticulada.
Meu poema é feito
Com as luvas e pinças
Dos manuais, das Academias,
Bucha de canhão
Para qualquer discussão
Que não apenas,
Apenas o meu poema.
Meu poema!:
Meu poema
É algo que escrevo
Para depois
Poder falar algo,
Para ter sobre o que falar.
Meu poema não quer cantar. |
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